Carro de boi
Carrinho de mão
Carroça cheia de papelão
Estranhamente puxada
Por um homem que volta
Com o esforço do trabalho seu,
Enquanto eu ainda vou para o meu.
O barulho de carro de boi
Traz imagens e lembranças
O carrinho de mão
Que deveria trazer crianças
Está hoje repleto de lixo,
Papelão e esperança.
A carroça segue, pesada,
Puxada com dificuldade,
Ao lado, o cão na calçada
Acompanha o homem-boi
Atravessando a cidade.
Carro de homem-boi
Puxado pela mão de calo duro...
Será só mais um catador? Ou um profeta do
futuro?
A imagem que os transeuntes vêem mostra uma
estranha simbiose...
Será lixo? Será homem? Essa anti-estética do
lixo em meio à cidade grande?
Alguém que passa lança de relance um olhar
meio que de nojo àquela sujeira...
(Melhor não ver!)
Algum entendido diria: “É só um profeta a
mostrar
Um amanhã desejoso da sustentabilidade do ser.”
Mas os olhos não vêem isso.
Enxergam tudo misturado:
Cachorro
Carroça
Lixo
Homem-boi
E a canção do carro de boi segue longe...
E as lembranças do carrinho de mão na
infância já vão longe...
Sandra Medina Costa
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