(ou
Da Janela do 3º Andar)
O
homem atravessa o portão.
E,
em três ou quatro passos,
alcança
a porta de entrada
do
Abrigo das Meninas.
Nas
mãos, uma sacola
com
alimentos, roupas... não sei.
Mas
com certeza a sacola
está
cheinha de luz, sabores,
sorrisos
(pois assim está
o
coração do homem que
atravessou
o portão).
Ele
tem certeza de seu gesto.
É
sábado de manhã
e
ele já tem alimentado o corpo.
Urge
agora alimentar a alma.
(Frente
ao portão outro carro para.
Dele descem umas três
pessoas,
também
com sacolas mágicas,
e adentram o abrigo.)
Alguns
minutos se passam
e
o homem está de volta.
Sai
pela mesma porta
e,
em três ou quatro passos,
alcança
o portão de saída.
Missão
cumprida.
Voltar
à vida (pois, lá dentro,
é
sobrevida).
Dirige-se
para o carro estacionado
a
poucos metros e sai devagar.
Devagar
segue o caminho,
o
coração mais leve...
Devagar.
De
vagar se faz sua vida.
Perambula
pelos abrigos,
lugares
não escolhidos
por
aqueles que ali estão.
Sabe
disso com clareza,
carrega
na alma a tristeza
de
ter sido um deles, um dia,
com
amargura e aflição.
(Ouço o
pipocar de balões.
Lá de dentro do abrigo
ecoam vozes alegres,
misturadas
a
gostosas risadas.
Nas
sacolas mágicas
dos três
que ali entraram,
havia
tempo e alegria
que
juntos compartilharam.)
Sandra Medina Costa
Nenhum comentário:
Postar um comentário