segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

Poema do céu



Foi ontem ainda
Não chovia
Pude ouvir o canto de alegria
Enquanto me encantava
Com a rapidez da nuvens no céu

Sandra Medina Costa




domingo, 30 de dezembro de 2018

Sagrada Família


Sagrada Família de Nazaré, rogai por nós!

Fácil ou difícil?


quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

Relembrando minha infância...


Relembrando minha infância...

segunda-feira, 24 de dezembro de 2018

Festa no Interior



- É Natal! – me disseram. – É a Festa Maior! Vamos comemorar o nascimento de Jesus!
- Onde? Onde? Também quero ir. Como faço?
(...)
Passam todos. Passa o tempo.
Sou ponte ainda. E o sou na razão de possibilitar ao outro a passagem, a mudança de lugar, de estado, de servir de meio para conduzir o outro a um lugar melhor. (Submissão? A troco de quê? – me pergunto e não encontro resposta.)
Passa o tempo. Passam todos. Drummond diria “Todos passarão e eu, passarinho...”.
E só depois de me pensar tanto tempo como ponte, descubro que é preciso eu ir sozinha, pois esta é uma festa no interior, no meu interior.
(...)
Dentro de mim, minha “casa” precisa, primeiro, estar limpinha. Começo, então, a faxina. – “Quão difícil, meu Deus, retirar aquela sujeira toda, que parece impregnada... São mágoas, sentimentos impuros, lágrimas cristalizadas por dores não choradas...”
Aos poucos, vou limpando a casa e posso, enfim, preparar minha árvore de Natal, o presépio para receber o Menino Jesus e decidir sobre os presentes.
- Mas Deus já habita em cada um de nós através da ação do Espírito Santo! – voltaram a me dizer.
“Meu Pai! E eu que não cuidei de limpar a casa todos os dias?! E se houver algum escorpião? O menino Jesus corre perigo!” – Volto pra dentro de mim. Olho cada cantinho para me certificar de que já esteja tudo limpinho e em ordem.
Adormeço.
E nos sonhos, os sinais de Deus: o piscar de luzes, o repicar de sinos, Seu Filho que me acena sorrindo, a fome saciada, a alma em êxtase, um cântico de louvor... escuto ao longe alguém a pedir, tento ouvir, mas... acordo.
Uma sensação de paz me invade... a impressão de ter vivido a melhor festa de Natal de minha vida.

Sandra Medina Costa

domingo, 23 de dezembro de 2018

SE...



Se você,
ao voltar ao passado,
recordar-se de um antigo ritual:
a procura de um bom galho seco,
cobrir de algodão cada galhinho,
pendurar com cuidado as bolinhas de vidro e o papai Noel,
e, para finalizar, jogar as estrelinhas brilhantes e coloridas
sobre a árvore enfeitada,
e essa lembrança emocionar você...

Se,
ao contemplar seus filhos,
netos ou qualquer criança um dia amada,
e isso lhe trouxer a lembrança
da criança adormecida dentro de você,
e isso lhe transportar para um saudoso tempo de pureza e inocência...

Se você,
com a bênção do Espírito Santo,
ainda ora a Deus
pedindo por cada um de nós
e pela harmonia e equilíbrio na família,
então ainda existe uma esperança
de acreditarmos na importância
do Menino Jesus,
no brilho da estrela cadente,
anunciando sua Luz,
no Papai Noel que sonhamos,
esperamos
e que agora somos.

É hora de preparar
a festa no interior de si mesmo.
Deus aí está,
Esperando a porta se abrir,
Pois Ele é o convidado de honra
para a festa de si mesmo – seu Filho Jesus.

Sandra Medina Costa

sábado, 22 de dezembro de 2018

O futuro do presente é ser passado



O futuro do presente é ser passado
a limpo
para trás
para frente
Coração distante destoa
no instante à toa
a razão se esvai
e as palavras gritam
e as pessoas sofrem
e o amor chora
O presente dói.
Mas o futuro do presente
é ser passado.
Afinal, como disse o poeta*,
“O que (se) foi é (s)ido”.
Natal por vir
Natal porvir
Advento
Há de vir
de viés
sem métrica
sem rima
Corações se distanciaram.
Por ora
há o consolo da esperança
de se fazer silêncio
pra se ouvir a voz que clama.
Paz. Perdão. Harmonia.

Sandra Medina Costa

* Arnaldo Antunes
(Imagem: Pixabay)

quinta-feira, 20 de dezembro de 2018

Amor ou Medo?



Dor dilacerante
Que corrói a alma da gente...
Será amor ou medo, essa dor
Que ainda não querendo a gente sente?!...

Sandra Medina Costa

sábado, 15 de dezembro de 2018

quinta-feira, 13 de dezembro de 2018

DE VAGAR (releitura)



1. O que leva um homem a sair, sábado de manhã, do aconchego de seu lar e dirigir-se a um abrigo de menores carentes, que ali estão por viverem em situação de risco?

O muito possuir
Em meio a tantos necessitados
Tira a paz da consciência
E ele sofre incomodado

Fazer de verdade o bem
Distribuindo amor em seu gesto,
Sabendo que mesmo assim
Na caridade não há excesso.

Criar uma falsa imagem
De retidão e bondade,
Podendo ter grandes proveitos
Junto a sua comunidade.

Fazer papel de bom moço
(como um velho e bom ator)
na “não confessa” esperança
de ver retribuído o favor.

Achar mais fácil saciar
Os carentes dos abrigos,
Do que alimentar a alma
Dos próximos que moram consigo.

Pois essa opção de ajudar
É uma grande maravilha:
“liberta-o” do compromisso
de cuidar da própria família.

Sabendo que ninguém escolhe
Um destino tão cruel,
Ficar “de bem” com Deus
Pra merecer o reino dos céus.

Ficar bem com si mesmo,
Acreditar no que faz,
E fazê-lo de forma anônima
Pra ter o coração em paz.

2. E, contrariamente, o que leva um homem a NÃO sair de casa para e dirigir-se a um abrigo de menores carentes, que ali estão por viverem em situação de risco?

Medo. Há riscos lá fora,
Nas ruas, assaltos, violência.
Em casa não há perigo
E nem dor de consciência.

“A vida é assim mesmo” – ele pensa,
“só se colhe o que plantar”.
A despeito de qualquer coisa, a pessoa
Só passa o que tem de passar.

Não parar pra pensar nisso,
Ignorar o que semeia,
Curtir a vida, em vez de
Se ocupar com a desgraça alheia.

Saber que já há ajudantes
Pra qualquer instituição;
E ele ganha pouco, trabalha muito,
E é indiferente à questão.

Achar que não é responsável,
Pois não criou tal problema,
Não se sente tocado.
Ajudar? Não. Só dá pena.

Preferir assistir à vida
Passando pela TV...
Comodismo? Descompromisso?
Descrença? Falta de fé?

“Tirar do bolso ou da sua despensa
Para alimentar filhos alheios?”
Acha que cabe ao governo
Assumir, encontrar os meios.

Evitar estar de frente
A essa realidade crua
Pois sabe que isso representa
Apenas uma fuga da sua.

“Além do mais”, pensa ele,
“quem disse que é sério o bastante
essas tais obras sociais?
E o compromisso, quem garante?”

Reconhecer-se sem condições mínimas
De ajudar naquele momento.
O emocional e o psicológico impedem
De se tornar “alimento”.

Sandra Medina Costa


[Imagem: Pinterest]

segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

Dia da Declaração Universal dos Direitos Humanos


Dia da Declaração Universal dos Direitos Humanos

domingo, 9 de dezembro de 2018

Família



Família
Laboratório de amor e de tolerância,
projeto divino.
Laboratório de união e respeito às diferenças,
projeto divino.
Lugar de comum-união,
comunhão fraterna.
Exercício do amor de Deus
para que o Natal se faça todos os dias.

Sandra Medina Costa

sábado, 8 de dezembro de 2018

Imaculada Conceição


Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós.

"Em Maria, a Imaculada, encontremos a essência da Igreja de modo não deformado. Dela devemos aprender a tornarmo-nos nós mesmos 'almas eclesiais'."
(Papa Bento XVI)

quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

Eu e meu velho relógio



Eu e meu velho
Relógio
Parados no tempo
Nem um conselho
Paradoxo
Presos entre letras
E entre linhas
Nas entrelinhas
Dos contratempos
Estamos certos
Apenas duas vezes
Por dia
Já é um alento
Tempo tempo tempo tempo
Há de chegar o momento
Em que teremos tempo
De viver o momento
De dar corda
De a cor dar
Ao tempo
À vida

Sandra Medina Costa

segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

domingo, 2 de dezembro de 2018

Advento



O Advento é o tempo para acolher o Senhor que vem ao nosso encontro, para olhar para frente e nos prepararmos para o retorno de Cristo.

(Papa Francisco)

sábado, 1 de dezembro de 2018

A Oração de DEZEMBRO



Senhor Jesus Cristo, Rei da Paz, a lua e o céu estrelado nos fazem contemplar o caminho que os Reis Magos fizeram seguindo a estrela para te adorar ainda Menino no Presépio de Belém. Nós te pedimos que Nossa Senhora seja a estrela a nos guiar nesta caminhada do Advento para podermos acolher o teu nascimento em nossos corações neste Natal, e apresentar-te ao mundo por meio de nossas boas obras. Pela intercessão de São José, homem bom e justo, nós te pedimos que cuides de nossas necessidades materiais e espirituais e não deixes faltar o pão na mesa do trabalhador e do agricultor. Nós te agradecemos, nosso Pai do Céu, por tudo de bom que recebemos de ti neste ano que termina, e pedimos tua bênção para o ano que começa. Amém.

(Ir. Roberta Peluso, OSB – Folhinha do Sagrado Coração de Jesus)

quinta-feira, 29 de novembro de 2018

Amor ou Medo?



Dor dilacerante
Que corrói a alma da gente...
Será amor ou medo, essa dor
Que ainda não querendo a gente sente?!...

Sandra Medina Costa


[Imagem Miró]

domingo, 25 de novembro de 2018

Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra a Mulher


Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra a Mulher

sábado, 24 de novembro de 2018

De Vagar



DE VAGAR
(ou Da Janela do 3º Andar)

O homem atravessa o portão.
E, em três ou quatro passos,
alcança a porta de entrada
do Abrigo das Meninas.
Nas mãos, uma sacola
com alimentos, roupas... não sei.
Mas com certeza a sacola
está cheinha de luz, sabores,
sorrisos (pois assim está
o coração do homem que
atravessou o portão).
Ele tem certeza de seu gesto.
É sábado de manhã
e ele já tem alimentado o corpo.
Urge agora alimentar a alma.
(Frente ao portão outro carro para.
Dele descem umas três pessoas,
também com sacolas mágicas,
e adentram o abrigo.)
Alguns minutos se passam
e o homem está de volta.
Sai pela mesma porta
e, em três ou quatro passos,
alcança o portão de saída.
Missão cumprida.
Voltar à vida (pois, lá dentro,
é sobrevida).
Dirige-se para o carro estacionado
a poucos metros e sai devagar.
Devagar segue o caminho,
o coração mais leve...
Devagar.
De vagar se faz sua vida.
Perambula pelos abrigos,
lugares não escolhidos
por aqueles que ali estão.
Sabe disso com clareza,
carrega na alma a tristeza
de ter sido um deles, um dia,
com amargura e aflição.
(Ouço o pipocar de balões.
Lá de dentro do abrigo
ecoam vozes alegres,
misturadas
a gostosas risadas.
Nas sacolas mágicas
dos três que ali entraram,
havia tempo e alegria
que juntos compartilharam.)

Sandra Medina Costa

terça-feira, 20 de novembro de 2018

Dia da Consciência Negra


Não sou descendente de escravos. Eu descendo de seres humanos que foram escravizados.

(Makota Valdina)

domingo, 18 de novembro de 2018

II Dia Mundial dos Pobres


O Papa Francisco presenteou a Arquidiocese do Rio de Janeiro com a escultura intitulada “Jesus Sem Teto”. Ela foi inaugurada no ano passado, em comemoração ao Dia Mundial dos Pobres, e é uma obra do artista canadense Timothy P. Schmalz.

sábado, 17 de novembro de 2018

Mão da Vida


Toda vez que eu te procuro
E não encontro uma saída...
Ah, mão da vida!
Há mão da Vida.

Vou à busca de um carinho
Que alivie a minha lida.
Ah, mão da vida!
Há mão da Vida.

No horizonte que vislumbro
Vejo uma paz tão incontida.
Ah, mão da vida!
Há mão da Vida.

A certeza que me chega
É que sem fé não há guarida.
Ah, mão da vida!
Há mão da Vida.

Jesus, minha Verdade,
Meu Caminho, minha Vida.
Ah, mão da vida!
Há mão da Vida.

Sandra Medina Costa

terça-feira, 13 de novembro de 2018

Dia Mundial da Gentileza


A gentileza é o jeito mais bonito de ser sol no dia nublado de alguém.

O Senhor é luz



O Senhor é luz, é salvação.
O Senhor é o protetor de minha vida.
Com o coração limpo
Encontro a paz,
Reconheço as bênçãos
Que só Deus me traz.
O Senhor é luz, é salvação.
O Senhor é o protetor de minha vida.
Ainda que eu caia,
Não me prostrarei.
Pois Deus é comigo,
Sobreviverei.
O Senhor é luz, é salvação.
O Senhor é o protetor de minha vida.
Com Deus – o meu norte –
Caminho na Luz.
O Espírito Santo
Me inspira e conduz.
O Senhor é luz, é salvação.
O Senhor é o protetor de minha vida.

Sandra Medina Costa

segunda-feira, 12 de novembro de 2018

Fé na vida


Mas é preciso ter manha
É preciso ter graça
É preciso ter sonho sempre
Quem traz na pele essa marca
Possui a estranha mania
De ter fé na vida

(M. Nascimento)

sábado, 10 de novembro de 2018

segunda-feira, 5 de novembro de 2018

Continuo a mesma



Continuo a mesma
Só acho
Não tenho certeza
Talvez tenha crescido um pouco
e agora uso óculos
para tentar enxergar
o horizonte.

Sandra Medina Costa

Cierra ciclos.


Feche os ciclos.

sexta-feira, 2 de novembro de 2018

Ave, Marias...



Ave, Marias,
prenhes de sonhos,
ávidas de desejo,
Deus é convosco.
Sois “bene”, sois “ditas” Maria!
Sois Marias bem ditas
entre todos os outros nomes.
Abençoados sejam os frutos
que destes ao mundo!
Roguemos a Deus
que envie Seus anjos a derramarem bênçãos sobre eles.
Agora e sempre.
Assim seja.

Sandra Medina Costa

quinta-feira, 1 de novembro de 2018

A Oração de NOVEMBRO



A sua bênção concedei-nos, Senhor! Que possamos com digna humanidade atender ao chamado do Papa Francisco quando nos apresentou as intenções missionárias para este ano, especialmente para o mês de novembro: que estivéssemos a serviço da paz. Suplicamos que estejais conosco “para que a linguagem do coração e do diálogo prevaleçam sobre a linguagem das armas”. Deus do universo, fonte de todo bem, que em nossos corações seja derramado o vosso amor e sejam sempre mais estreitados os laços que nos unem convosco, para alimentar em nós o que é bom e guardar com solicitude o que nos destes. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém!

segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Ressaca pós-eleições



Da janela lateral
Do meu escritório
Nuvens nos meus olhos

Sandra Medina Costa

Dia Nacional do Livro


"Talvez eu seja um pouco de tudo que já li. Um pouco de tudo que meu olhar já aprendeu do mundo."

(Rubem Alves)

domingo, 28 de outubro de 2018

São Judas Tadeu


São Judas Tadeu, rogai por nós e por todos os que vos honram e invocam o vosso auxílio!
Amém!

sábado, 27 de outubro de 2018

Dia Mundial de Oração pela Paz




Cristo, na cruz, ensina-nos a amar até mesmo aqueles que não nos amam.

(Papa Francisco)

quarta-feira, 24 de outubro de 2018

sábado, 20 de outubro de 2018

AS MÃOS DE MEU PAI (Carolino – in Memorian)



As mãos de meu pai
Eram brancas
E juntaram-se um dia
Às mãos negras de Maria –
Doce Rosa que na vida
Sete filhos lhe daria.

As mãos de meu pai
Jogavam dados com maestria.
Ouvi muito minha mãe chamar-lhe “Dadinho”,
Voz dengosa, carregada de carinho.
(As mãos de minha mãe cumpriam o ritual
de servir o alimento a meu pai).

As mãos de meu pai
Traziam biscoitos pra gente
À noite e especialmente
Quando se ficava doente.
(E isso era muito bom!)

As mãos de meu pai
Eram grandes, eram fortes...
Mas, agredir? Isso não.
Dava mais medo na gente
O olhar severo e a mão no corrião.

As mãos de meu pai
Juntaram-se às minhas mãos pequeninas
Por raríssimas vezes.
(Certa feita, suas mãos me conduziram
Ao ambulatório médico para fazer um curativo
Na cabeça, devido à queda de um balanço).
(Nunca me vi em seu colo.)

As mãos de meu pai
Tocavam cavaquinho em noites de boemia.
Em casa, dedilhavam o violão como um artista,
Olhos fechados de emoção, voz vibrante
Nas cantigas de amor, pedidos de perdão,
Que calava fundo o calundu de mãe.

As mãos de meu pai
Liam jornais aos domingos
E dividiam comigo aquela sabedoria
Dando-me um dos cadernos –
A parte que me cabia:
O jornalzinho Gurilândia.

As mãos de meu pai
Faziam palavras cruzadas
E pra mim eram reservadas
As mais fáceis que havia...
(Talvez daí, jornais e revistas, tenha nascido meu amor pelas letras...)

As mãos de meu pai
Desenhavam letras lindas, especiais,
Escreviam a vida.
(Tentei anos em vão imitar.)

As mãos de meu pai
Eram espertas nos jogos de cartas.
Ensinaram-me a jogar paciência.

As mãos de meu pai
Seguravam rápido o copo de cachaça
E o líquido transparente ou amarelado
Sumia como fumaça.

As mãos de meu pai
Seguram o cigarro e o levavam à boca,
E estranha mágica acontecia.
De sua boca e narinas
Fumaça cinza saía
(Mágica de vícios que só mais tarde eu entenderia)

As mãos de meu pai
Seguravam a vara e colocavam a isca no anzol,
Pescavam peixes em rios,
Em dias de chuva ou de sol.
E as mãos de minha mãe
Preparavam com desvelo
As delícias do peixe ensopado,
No final sempre temperado
Com azeite de dendê
E leite de coco ralado.

As mãos de meu pai
Tiveram como último gesto
Balançar, pedindo socorro.
“Brincadeira”, pensaram os amigos.
E o gesto perdeu-se no ar, na água.
E as mãos de meu pai
Calaram-se para sempre.

Sandra Medina Costa


[Imagem Pixabay]