quinta-feira, 31 de julho de 2014

quarta-feira, 30 de julho de 2014

terça-feira, 29 de julho de 2014

Ninho


– Já me vou, amiguinha.
– Vai pra onde, andorinha?
– Vou para o meu ninho!
– Ahããã!!! Vai pôr ovinhos!?

         – Não. Que pena! Já não tenho,
         nessa idade, mais ovinhos
         para, cheia de felicidade,
         colocar lá no meu ninho...

– Fique aqui,
não tenha pressa,
pois não há mais
o que interessa!

         – Engano seu, minha amiga.
         Vou agora pro meu ninho
         para ficar bem pertinho
         de um lindo passarinho!

Pois o inverno que chega
traz um frio bem gelado!
E o vento derruba meu ninho,
se eu não tomar cuidado.


Sandra Medina Costa

domingo, 27 de julho de 2014

O Peso


12h20.
Espero você chegar.
Penso em você. Penso em você sem mim.

Penso-me.
Peso-me.

Lágrimas guardadas. Sentimentos não externados. Medos. Preocupações que se armazenam lá no fundo e que, vez por outra, brotam no pensamento.
Parece que tudo isso vai se acumulando dentro de mim e vai se cristalizando, virando pedra.
E isso pesa. Pesa a alma, pesa o corpo.
(O que pesa-me a alma pesa-me o corpo.)

A gente não devia conduzir a própria vida assim.

Quero me sentir mais leve. Quero reaprender a ser mais leve. A não acumular nada dentro de mim, a não ser amor.

O amor é o meu peso. Pra onde quer que eu vá, é ele que me conduz.” (Santo Agostinho)

Verdade.
Ao invés de lágrimas, medos, sentimentos ruins, preocupações, “acumular” amor.
Isso transforma a gente. A alma fica mais leve, ficamos mais flexíveis. Ele nos conduz a qualquer parte, sem dificuldades.

Vou meditar diariamente sobre isso. Quero reaprender.
Quero ser mais leve.
Quero estar mais leve.
Quero a leveza do ser.


Sandra Medina Costa

sexta-feira, 25 de julho de 2014

Ver e olhar


Quando a visão não alcança
a doce e sutil lembrança,
é preciso descansar o olhar.

Sandra Medina costa

quinta-feira, 24 de julho de 2014

NO FUNDO DO MAR


            ─ Mãe, quero catar conchinhas!
            ─ Não dá, filhinho, a praia tá longe...
            ─ Mas eu quero, mãe! – insistiu o garoto, já se impondo.
            As férias na praia haviam sido ótimas. Os filhos se divertiram tanto, tanto, que desde que retornaram, aquilo que o caçula agora mais pedia era para catar conchinhas.
            Diante da insistência do garoto, a mãe se lembrou do pote grande de conchinhas que trouxera na volta. Queria fazer trabalhos de artesanato, mas a situação agora exigia uma mudança de planos.
            Assim, chamou os garotos e despejou no quintal todo o seu tesouro: centenas de conchinhas das mais variadas formas, cores, tamanhos. Aquilo era bom! Os meninos se distraíam durante horas a fio na brincadeira.
            Passada uma semana, aquela rotina parecia ter aguçado a curiosidade dos pequeninos, especialmente do caçula que, volta e meia, queria porque queria saber tudo sobre conchinhas e enchia a mãe de perguntas.
            ─ Por que elas ficam na areia, mãe? Elas gostam do sol? Tem que passar protetor? Quem colocou elas lá? Cadê a mãe delas, a Dona Concha? E o pai? É o “Seu” Concho?
            ─ Tá bom, meu filho, vou contar a história das conchinhas!
            ─ Ebaaaaa!!!
            ─ Era uma vez... a Dona Concha e Seu Concho. Eles moravam no fundo do mar e tinham muitos filhinhos: milhões e milhões de conchinhas.
            ─ Elas nadavam, mãe? Não se afogavam?
            ─ Não, filho, não! Deixe-me continuar.
            No canto da sala, o pai sorria... Adorava ver a paciência e a imaginação da esposa ao contar histórias para as crianças!
            ─ O Seu Concho tinha uma linda fazenda, onde criava cavalos-marinhos, peixinhos coloridos, tartaruguinhas, caranguejos, estrelinhas-do-mar...
            ─ Os cavalorinhos eram brancos? Tinha cabelo loiro, mãe?
            ─ Cavalo-marinho, filho, marinho! – Que é que  eu falo? – pensou.
            Resolveu continuar a história.
            ─ Meu amorzinho, os cavalos-marinhos são lindos, cada um de uma cor. Deixe a mamãe contar a história agora.
            ─ Tá.
            ─ As conchinhas viviam felizes na fazenda do fundo do mar, brincavam e corriam muito. Certa vez, entrou um grão de areia na boca da conchinha Luzia, a filha mais alegre e sapeca de Dona Concha. E Luzia ficou muda durante semanas. Numa linda manhã, ela abriu a boca e...
            ─ Mãe, tô com fome! – gritou o mais velho cobrando atenção.
            ─ Já vou, filho! Ô, Pai, prepara um lanchinho pa gente! – disse a mãe para o marido.
            ─ E a Luzia, mãe?
            ─ Quando a Luzia abriu a boca, tcharaaammmm! Todos disseram: “Ooohhhh!!!!!” Havia uma linda e reluzente pérola lá dentro! Todo mundo ficou encantado!
            ─ E depois?
            ─ As conchinhas resolveram, então, procurar algum lugar mágico onde houvesse mais areia. Subiram nos cavalos-marinhos e cavalgaram mar afora, numa longa viagem, até chegarem à praia. Foi sensacional! Decidiram morar ali e viveram felizes para sempre!
            ─ E os cavalorinhos?
            (...)


Sandra Medina Costa

terça-feira, 22 de julho de 2014

segunda-feira, 21 de julho de 2014

domingo, 20 de julho de 2014

ONDE ESTÁ O SOL?


— Mãe, mãe! Por que há essas nuvens escuras?
É dia claro e não vejo o sol no céu! –
queixou-se chorosa a menina,
na cabeça um fino véu.

— Filha querida, não percebeu ainda?
O solzinho que você procura,
brinca de esconde-esconde!
Por vezes ele aparece aqui,
ali, não sei mais onde,
e volta logo a se esconder!
Ele quer brincar com você!

A menina sorriu contente
e, olhando pro firmamento,
viu, num pedaço azul do espaço,
o sol surgir radiante,
E, estendendo-lhe os braços de luz,
aqueceu-a num instante.


Sandra Medina Costa

sábado, 19 de julho de 2014

quinta-feira, 17 de julho de 2014

terça-feira, 15 de julho de 2014

PENSAMENTOS-CORREIÇÃO


Pensamentos – formigas-correição

Volto à minha infância.

Minha mãe dizia que, se alguém pulasse a fileira de formigas-correição,
Esta se desfazia,
A fila se perdia
E as formigas ficavam sem direção.

E eu pulava.
E o que eu via era mágico: um exercício desgovernado
De formigas-baratas correndo,
De um lado para o outro, sofrendo,
Esbarrando-se,
Buscando o rumo perdido.

E eu perdia a conta do tempo,
Horas a fio a contemplar
O mistério e encantamento daquele momento.

Volto ao presente.

Constato que meus pensamentos são como aquela fileira
De formigas-correição.
Basta que o telefone chame,
Que alguém chegue sem pressa,
Pedindo o que não me interessa,
Pra que eu saia do rumo e
Perca toda a noção
Do que custei pra “enfileirar”,
Pra chegar ao meu destino,
Que agora parece um menino
A divertir-se com a situação.

Sei que agora, como aquelas formigas, meus pensamentos levarão algum tempo para se “enfileirarem” de novo. Enquanto isso, faço poesia.


Sandra Medina Costa

segunda-feira, 14 de julho de 2014

domingo, 13 de julho de 2014

sábado, 12 de julho de 2014

Nós e nós



AI
de nós que não soubemos ouvir os
AIS
que gritavam em nossas almas, impedindo que o
AR
que respirávamos fossem um só.
ÉS
parte agora de um passado-presente (ou presente passado?)
IR
em busca de outros sonhos, pois
OS
que outrora existiam se foram em
UM
piscar de olhos, em uma mesa de
BAR
ou na ilusão de um amor que
BEM
ou mal me fez mulher, me fez feliz um dia.
CEM
, mil, milhões de vezes, ao
CÉU
orei
COM
fervor pelo nosso amor, até saber que a
COR
desse sentimento (a qual um dia me perguntaram) eu sabia de
CÓR
: é marrom, é negro. Não, é multicor.
DAR
cor ao que se sente faz com que a gente
mais atenção à vida, que se esteja preparado para o que
DER
e vier. E, se
DEZ
vidas eu tivesse, dez amores teria, pois é o coração que
DIZ
quando a gente é feliz.
maior, sol com si, lá menor... “O sol brilha por si”.
DOIS
violões guardados, pois a
DOR
de te perder, de me perder,
FAZ
com que me sinta menor. Hoje a
me sustenta, me põe de pé. Provo ainda o
FEL
da solidão que me abate e que
FEZ
de mim um solitário
FIO
de teia de aranha, que ameaça se romper de vez em quando...
FIZ
poemas como nunca, lembrei de
FOZ
do Iguaçu, troquei o
GÁS
da lamparina da minha infância, li e reli Chão de
GIZ
. Giz que
anos usei nas aulas de Português. Sim,
HÁS
de te lembrar, fizeste o mesmo
, como me disseste.
JAZ
agora aquele amor, pois um dia perdi a paciência de
, e fiz
JUS
à fama de mulher decidida: decidi! E foi
em Vila Velha que resolvi de vez mudar meu
LAR
. Agora somos só eu e meu filho, que às vezes
o que escrevo, me ajuda a ficar de pé.
LER
coisas boas, mãe! é o que ele aconselha. Penso na Flor de
LIS
(a música do Djavan), sua história,
LUZ
de vela que brilha na alma, e vejo de novo que o
MAL
de amor se sofre calada, só se cura ou se acaba no
MAR
de Porto Seguro.
MAS
não provo
MAIS
do doce
MEL
de lábios que não são mais meus.
MEUS
pensamentos agora andam a
MIL
por hora, se confundem e
NÃO
me deixam conduzir a
NAU
que me levará às águas tranqüilas de Itaipava
NEM
de Porto Seguro. Há um
na garganta que me impede de gritar: quando foi que
NÓS
criamos os nossos NÓS e perdemos a sintonia de nossas almas? O
PÃO
que me alimenta traz a
PAZ
à minha alma. Meus doloridos
PÉS
sofrem a tortura que inconsciente lhes imponho, sem poder pisar o
do chão, da sala, da rua, porque
PÔR
os pés no chão implica andar – dificuldade que alguém
PÔS
em meus pensamentos. Hoje, de novo tento ser a
PÓS
-mulher, aquela que não tem ex-marido.
PUS
uma tranca em meu coração,
QUAL
temível soldado, para não saber mais
QUAIS
os riscos de se entregar a um novo amor.
QUÃO
sofridos foram os dias de luto vividos por
QUEM
amei de verdade. Agora meu coração não
QUER
mais saber o que um dia
QUIS
: ser feliz ao lado de um bem; preferiu dar
, dar meia-volta, qual
RÊS
que se vê sendo levada ao matadouro, qual
RÉU
que sofre uma culpa que não tem e não entende.
RIR
de si mesma, conselho que recebi;
SE
puder ou conseguir, rir dos problemas depois,
SEM
prender-se a detalhes tolos, sem
SER
tão cruel com
SEU
próprio coração, com
SI
mesma. Dizer
SIM
à vida, pois
assim o
SOL
voltará a brilhar em mim. A
SÓS
com meus pensamentos, imagens, sonho
TER
a coragem de superar a tristeza, a depressão e olhar de novo
TEU
rosto, tua
TEZ
que envelhece, e poder falar a
TI
sem medo.
: também me sinto envelhecer e aí
VEM
a tristeza de
VER
as rugas surgindo de dentro para fora. Sei apenas que o
VÉU
das lágrimas que cobre meus olhos
VEZ
por outra, deixa
VIR
à tona a criança que mora em mim.
VOU
me deitar. Não canto mais, a
VOZ
já rouca mostra o
XIS
da questão: superar a depressão e
ZÁS
! elevar a autoestima! – É o que me diz meu coração.


sexta-feira, 11 de julho de 2014

Falar de poesia


Quando as aves falam com as pedras
e as rãs com as águas
- é de poesia que estão falando.

Manoel de Barros

quarta-feira, 9 de julho de 2014

terça-feira, 8 de julho de 2014

segunda-feira, 7 de julho de 2014

Riscos e Rabiscos


Risco
        Rabisco
                Cisco
                        Francisco
                               Fisco
E foi por causa de um rabisco
Que o pobre do Francisco
Correu sério risco
De ficar mal com o fisco.

Também pudera, coitado,
Justo na hora de assinar
Caiu-lhe no olho um cisco
E, em vez de assinatura ou rubrica,
Lascou um terrível rabisco.

Foi sempre assim com Francisco.
Quando conheceu a Francisca,
Quis correr o risco
De conquistá-la, fazê-la feliz!

Tomou um banho ligeiro
Pôs sua melhor calça,
Aquela de risca de giz,
Foi à loja de Seu Zé – homem arisco,
Comprou-lhe um disco,
Escreveu-lhe um lindo cartão –
Palavras doces em meio a rabiscos...

Pobre Francisco!
Ele nem imaginava
Que a mulher que ele amava
Trabalhava pro fisco...
Era brava, muito arisca.

Ao vê-lo em sua porta,
Com a calça de risca de giz,
Sentiu-se ultrajada
E gritava-lhe, aos berros:
- Cisca daqui, infeliz!
Francisco quis correr o risco
E só não foi preso por um triz!


Sandra Medina Costa

domingo, 6 de julho de 2014

sábado, 5 de julho de 2014

sexta-feira, 4 de julho de 2014

Amor Pra Recomeçar - Frejat

Sou quem sou



Sou Sandra
filha de rosa com pescador
caranguejo pelo horóscopo
fêmea pela bênção de Deus
poetisa (é o que me dizem!)
Sou quem sou.

Sou Sandra
filha obediente
negra inteligente
mãe amorosa
e possessiva (é o que dizem!)
Sou quem sou.

Sandra Medina Costa