Domingo de Ramos
O amor é meu peso, é ele que me conduz pelo solo sagrado. O Amor é meu amparo, meu refúgio consolador. Sou manhosa e, por isso mesmo, filha de rosa com pescador. Gosto do mar, de amar, de sonhos e do amor.
– Eu te amo, vírgula, e não quero colocar um ponto
final nessa frase.
A vírgula, envergonhada, disse-lhe:
– Esse tempo todo eu fiquei esperando você.
O ponto, com toda a sua finalidade, declarou:
– Quero você a meu lado. Entre tantas vírgulas, é
com você que eu quero dar o meu ponto final.
Ao ouvir essas palavras, a vírgula, cheia de tantas
pausas, foi ao ponto:
– Casa comigo?
O ponto, todo emocionado, com a fala pausada lhe
diz:
– Sim, aceito.
Depois de algum tempo, a vírgula se juntou ao
ponto. Todos compareceram ao casamento. As interjeições, os verbos, as
conjunções, os artigos. Era tanta gente que quase não cabia na gramática.
A ortografia não se demorou no casório. Tratou de
juntar aquele ponto com a vírgula. A festa foi tamanha. Todos os acentos
comemoravam a união. Até o Til da vírgula que achava o ponto “curto e grosso”
parabenizou o casal.
Após muitos pretéritos perfeitos, o casal “ponto e
vírgula” tiveram seus filhinhos – várias reticências, para a felicidade do
papai ponto.
E assim termina a história.
E novas histórias virão.
Pois há várias vírgulas e pontos espalhados neste
mundo.
Essa não é mais uma história de amor,
Essa é a história de amor
Entre um ponto,
E uma vírgula.
(Bruna Moreira)
Fonte: https://www20.opovo.com.br