terça-feira, 30 de junho de 2009

Todos os dias...


“...todos os dias é um vai e vem
a vida se repete na estação
tem gente que chega pra ficar
tem gente que vai pra nunca mais
tem gente que vai e quer ficar
tem gente que vem e quer voltar
tem gente que veio só olhar
tem gente a sorrir e a chorar
e assim chegar e partir
são só dois lados da mesma viagem...”

Encontros e Despedidas – M. Nascimento

Amado Michael

Tom Zé

Negro da luz que desbota branco
Tanto talento tormento tanto
Tanta afronta de pouca monta.
Eia! virtudes em farta ceia
Todo encanto que pode o canto
Toda fiança que adoça a dança.
Que deus nos furta vida tão curta?
Mundo lamenta: ele mal cinquenta!
A ninguém ilude essa bruxa rude.
Paroxismo desse Narciso
Que achou desgosto no próprio rosto
E apedrejou-se com faca e foice.
Avança a rua (uma dor que dança)
E em seus telhados mandibulados
Requebra os hinos do dançarino.
Niños, rapazes, se sentem azes
Herdeiros todos e seus parceiros
Revelam parque, porto e favela.
II
Da Grécia três te trouxeram Graças
Arcas repletas de belas artes
Arcas que deram ciúme às Parcas.
Que luz trarias tu, mitologia,
Para um tal desatino de destino
Que o espandongado toma por fado?
Porque o povo grego disse que
Se a hybris o herói consigo quis,
Se condiz ao lado dela ser feliz
Ele mesmo será pão e maldição
Enquanto gera para os olhos de Megera.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Duque morreu


Meu cachorro morreu ontem.
Me disseram. Não vi.
Queria que me dissessem apenas
Que ele adoeceu
E foi internado.

Assim o tempo passaria,
Eu não sofreria
E ficaria na ilusão
De que um dia voltaria
De vez e curado

Meu cachorro morreu.

Sandra Medina Costa

[imagem da web]

sábado, 27 de junho de 2009

Cães


E um cão, que estava deitado, erguendo a cabeça,
eriçou as orelhas: era Argos que o paciente Ulisses havia
criado antes de ir para a sagrada Ílion (...)
Abandonado na ausência de seu senhor, rolava diante do portal
sobre os estrumes das mulas e dos bois.
Ali estava deitado Argos, comido das carraças.
Vendo aproximar-se Ulisses, agitou a cauda e baixou a cabeça,
Faltaram-lhe forças pra chegar até onde estava seu senhor.
Este, voltando a cabeça, chorou...
Od. XVII, 291-304.


Estava difícil abrir o portão e entrar. Duque, ansioso, choramingava – ávido que estava pelo pão, e talvez por estar só. Como sempre, pulou para pegar o pão ainda no ar.
Entrei, meio insegura, com receio de ter sido esquecida e ele me estranhar.
Chamei-o baixinho. “Cadê meu cachorro?” Choraminguei como ele, chamando-o.
Com o pão na boca, Duque olhou-me por alguns longos e intermináveis instantes, um olhar cinza-saudoso de cortar o coração. Largou o alimento ali mesmo e veio ao meu encontro. Cheirou-me, esfregou-se em meus pés e minhas pernas, olhou-me e, humildemente abaixou a cabeça para receber o costumeiro carinho que eu lhe dava.
Conversei carinhosamente com ele enquanto afagava-lhe os pelos. Percebi que a cada vez que eu retirava a mão, ele me olhava de novo com aquele olhar envelhecido e reclinava a cabeça. Sentia falta dos carinhos. Alimentado da saudade, correu feliz para o pão.
Aproveitei sua distração para sair, ir embora.
Lembro-me da história de Argos – o cão de Ulisses contada pelo meu primo Andrey, lá longe em minha infância. Nunca me esqueci da frase final: “Só tu, Argos, só tu me reconheceste!” Arrepia-me a frase até hoje.
Agora me vejo aqui. Chorando a saudade de sua infância. Meu cachorro envelheceu. Vi isso em seus olhos. Me vi em seus olhos.

Sandra Medina Costa


[imagem da web]

Argos - o cão de Ulisses

Argos era o nome do cão de Ulisses. Este, conta a Odisseia, depois de passar 10 anos na Guerra de Tróia, passou 10 anos a tentar regressar a casa. Mas os deuses estavam contra ele. Não o deixavam ver do seu barco a sua querida "terra-mãe", a ilha que o viu nascer e crescer, Ítaca. Calipso, uma ninfa, chegou mesmo a oferecer-lhe imortalidade (e o seu coração) caso ele ficasse com ela na sua ilha Ogígia. Porém, Ulisses recusou pois a sua mente, a sua recordação era fiel ao seu lar, ao seu palácio, à sua mulher. E, de fato, nada o demoveu de voltar, nem mesmo todos os obstáculos que os deuses fabricaram. Mas quando voltou, Ulisses soube que o seu palácio tinha sido tomado por outros reis e príncipes que desejavam a mão da sua mulher, Penélope, considerada viúva por todos.
No entanto, Penélope ia enganando todos por meio de uma manta que tecia de dia e à noite desfazia. Só assim poderia demorar o fato de ter de escolher um novo marido.
Ora, Ulisses resolveu passar por mendigo e testar quem é que, daqueles que ocupavam vorazmente o seu palácio, merecia viver. Nenhum reconheceu Ulisses e poucos deles se mostraram misericordiosos para com o mendigo, não lhe concedendo sequer a hospitalidade que era comumente dada a todo e qualquer viajante e da qual eles gozavam há muito. Ulisses enfureceu-se e, libertando-se do disfarce, deu morte a todos os que se mostravam indignos de terem títulos... ou de terem vida. E embora poucos sobrassem para contar a história, correu o rumor por toda a ilha de Ítaca de que Ulisses tinha finalmente regressado da guerra.
Penélope foi a última a reconhecer o marido. Mas o primeiro foi Argos, o cão que Ulisses deixara, ainda pequeno, quando partira para Tróia. Durante 20 anos, Argos esperou fielmente o regresso do seu dono. Quando Ulisses lhe surgiu como mendigo, Argos não teve a menor dúvida que estava perante o seu dono. Recebeu-o com notório reconhecimento e depois, deitando-se aos pés do seu dono, suspirou pela última vez.
Sem dúvida que Argos inspirou o pensamento de que o cão é o melhor amigo do homem.


(...)

Muitos cães se chamam Ulisses. Mas, e o cachorro de Ulisses, como se chamava? Argos. Ele espera por seu dono em condições menos confortáveis que as de Penélope. Sempre prudente, o rei de Itaca, quando aportou em sua ilha, fez-se irreconhecível, com a cumplicidade de Atenas. E, no entanto, Argos o reconheceu.
"Negligenciado na ausência do seu senhor, ele agora jazia, esticado diante do portal, sobre um monte de estrume de mulas e bois, onde os criados de Ulisses vinham buscar com o que adubar a grande propriedade; ali estava deitado Argos, coberto de carrapatos. Reconhecendo Ulisses no homem que chegava, agitou a cauda e baixou as duas orelhas: faltaram-lhe forças para chegar até onde estava seu senhor."
"Ulisses o havia visto: voltando o rosto, verteu uma lágrima..."
Posêidon, com o espírito vingativo que sabemos ter os deuses, em vão havia se encarniçado contra Ulisses. Mas, arrancar-lhe uma lágrima, só ao velho cão foi permitido.

Les larmes d´Ulysses (título original)
Da dificuldade de ser cão, Roger Grenier, Editora Companhia das Letras, São Paulo, 2002, página 7


quarta-feira, 24 de junho de 2009

Vento No Litoral


Legião Urbana

De tarde quero descansar,
chegar até a praia
Ver se o vento ainda está forte
E vai ser bom subir nas pedras
Sei que faço isso pra esquecer
Eu deixo a onda me acertar
E o vento vai levando tudo embora

Agora está tão longe
Vê, a linha do horizonte me distrai:
Dos nossos planos é que tenho mais saudade,
Quando olhávamos juntos na mesma direção
Aonde está você agora
Além de aqui, dentro de mim?

Agimos certo sem querer
Foi só o tempo que errou
Vai ser difícil sem você
Porque você está comigo o tempo todo
Quando vejo o mar
Existe algo que diz:
- A vida continua e se entregar é uma bobagem
Já que você não está aqui,
O que posso fazer é cuidar de mim
Quero ser feliz ao menos
Lembra que o plano era ficarmos bem?

- Ei, olha só o que eu achei:
Cavalos-marinhos

Sei que faço isso pra esquecer
Eu deixo a onda me acertar
E o vento vai levando tudo embora

[imagem da web]


terça-feira, 23 de junho de 2009

Tesouro nas mãos


“Quando se crê em Deus,
não há cotidiano sem milagres.”
(Nikos Kazantzakis)

Isabel Cristina, assim como todos os bebês, nascera divinamente com as mãozinhas fechadas. Trazia ali todas as bênçãos que o Senhor lhe encarregara de distribuir quando aqui chegasse.
A sua mãe, sempre intrigada com aquelas mãozinhas tão meigas e fechadinhas, acariciava-as, puxava-lhe os dedinhos e dizia à Isabel Cristina com carinho:
- Que lindas mãozinhas, minha filhinha! Parecem duas conchinhas! O que elas tem de tão precioso, que seguras tão veemente?
E a menina sorria, pois sabia do grande tesouro que consigo trazia. Ela esperava ansiosa que sua mãe amorosa logo o descobrisse. Para isso, a mãe de Isabel Cristina, assim como todas as mães do mundo, teria que fazer um gesto mágico...
Numa bela manhã de sol, a mãe tomou nos braços a menina e, de novo, falou:
- Que lindas mãozinhas, minha filhinha! O que de tão precioso tem, que seguras assim tão firme, meu bem?
Dito isto, acariciou-lhe de novo as mãozinhas, puxando-lhe os dedinhos e naquelas macias “conchinhas” depositou doces beijinhos! E o milagre, então, aconteceu! Milhares de bênçãos inundaram o quarto, a casa, a família, os amigos, o mundo...
Hoje Isabel Cristina, aquela doce menina, cresceu, virou gente grande, não se lembra mais desta história. Casou-se e tem um filho amado – Saulo. Ela não entende porque, todas as manhãs, beija-lhe as mãos carinhosamente e se sente como se atendesse aos apelos do coração.
(...)
Ainda existe muita gente por aí, levando a vida com os punhos cerrados, sem estender a mão ao próximo, indiferentes aos apelos de amor e de fraternidade. Não receberam o gesto mágico de seus pais quando nasceram, e o tesouro se perdeu. Não receberam os doces e mágicos beijos em suas mãos, que libertariam o grande tesouro: as bênçãos que o Senhor lhes encarregou de distribuir ao mundo.

Sandra Medina Costa


[imagem da web]

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Feijoada clássica


Sexta-feira,
eu, na sala,
feijoada no prato.
No rádio, Schumann,
enternecido pela minha fome,
alimentava meus ouvidos sedentos.
Feijoada com música clássica.

Sandra Medina Costa

[imagem da web]

domingo, 21 de junho de 2009

A menina feliz


Já era de tardezinha e parecia que ia chover.
Carolina estava demorando a trazer o leite que sua mãe havia pedido para ela comprar. E a mãe já estava muito preocupada pensando:

Cadê a minha menina?
Onde está Carolina?
A chuva já vai cair,
os relâmpagos clareiam o céu...
Cadê a minha menina?
Onde está Carolina?

A mãe, no portão, avistou ao longe na estrada sua filhinha amada, que vinha pelo caminho, tranquila e sorridente. Às vezes ela parava, olhava para o céu e sorria e caminhava... parava, olhava para o céu e sorria e caminhava... E foi assim, a cada relâmpago, a menina parava, olhava para o céu e sorria e caminhava...
Ao chegar levou uma bronca danada de sua mãe porque demorara demais.
Mas Carolina, corajosa menina, dizia feliz pra si mesma:

Relâmpago.
Raio.
Corisco.
Eu sozinha.
Relâmpago,
clarão no céu?
Sorrio. Sou aquela menininha:
É Deus tirando foto minha!

Sandra Medina Costa

[imagem da web]

sábado, 20 de junho de 2009

Eu te agradeço, te louvo e bendigo!


É na certeza de teu amor, ó Pai,
que eu caminho nesta vida
abençoada por teu Espírito.
É na certeza da misericórdia tua
que eu peço que abençoes
as obras de minhas mãos.
Pois a fonte de onde nascem
é o meu coração,
da mesma forma que as palavras.

Senhor, imploro que a divina luz
do teu amado Filho Jesus
ilumine sempre os meus passos.
Eu te agradeço, te louvo e bendigo!
Eu te agradeço, te louvo e bendigo!

É na certeza de teu amor, ó Pai,
que eu caminho nesta vida
inspirada por teu Espírito.
Eu te agradeço, te louvo e bendigo!
Eu te agradeço, te louvo e bendigo!

É na certeza de tua paz, Senhor,
que eu sigo meu caminho
fortalecida por teu Amor.
Eu te agradeço, te louvo e bendigo!
Eu te agradeço, te louvo e bendigo!

Sandra Medina Costa

[imagem da web]

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Canção para ninar a ALICE


Alice me disse
que quer nanar.
No colo quentinho
feliz ficará.

Sorri com os olhinhos
minha princesinha.
Quem vela teu sono
é paizinho e mãezinha.
Quem vela teu sono
é paizinho e mãezinha.

Alice me disse
que vai dormir.
Do colo quentinho
não quer mais sair.

Teu berço te espera
macio e cheiroso.
Sonha com os anjinhos
um sonho gostoso.
Sonha com os anjinhos
um sonho gostoso.

Sandra Medina Costa

[imagem da web]

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Natália


Grão de fava
lançado à mãe,
terra fértil,
logo brotara...
Natália.

Dia natalício,
abençoado indício
de um nascimento de amor.

Fiel ao amor do qual surges,
a nascer todos os dias,
vens sedenta do aconchego,
do acalanto sem medo,
da busca do equilíbrio
entre a razão e o coração,
pois já sabes que aí mora
o teu amadurecimento.

Natália,
Natalis,
Nascimento...


Sandra Medina Costa

[imagem da web]

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Canção para ninar o LUCA


Luca, Luca, Luz
dos meus olhos, quer nanar...
Luca, Luca, Luz,
teu soninho já vai chegar.

Luca, Luca, Luz,
dorme feliz, meu bem!
Todos estamos contentes:
papai, mamãe, neném.
Todos estamos contentes:
papai, mamãe, neném.

Luca, Luca, Luz
dos meus olhos, quer nanar...
Luca, Luca, Luz,
teu soninho já vai chegar.

Luca, Luca, Luz,
sonha com os anjos, meu bem!
Estamos todos orando:
papai, mamãe, neném.
Estamos todos orando:
papai, mamãe, neném.

Sandra Medina Costa

[imagem da web]

terça-feira, 16 de junho de 2009

Ayúdame, Señor!


Ayúdame a hacer silencio, Señor,
quiero escuchar tu voz.
Toma mi mano,
guíame al desierto,
que nos encontremos a solas, Tú y yo.
Necesito contemplar tu rostro,
me hace falta la calidez de tu voz,
caminar juntos...
callar para que hables Tú.
Me pongo en tus manos,
quiero revisar mi vida,
descubrir en qué tengo que cambiar,
afianzar lo que anda bien,
sorprenderme con lo nuevo que me pides.

[fonte web]

A terceira vez


A terceira vez
reflete em mim
como um último sinal.
É o último ponto,
é o tchau de vez
a terceira vez.
É a última chance
de reverter qualquer coisa.


Sandra Medina Costa

[imagem da web]

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Artur Dido e Sônia Dora


Era uma vez um jovem chamado Artur Dido. Era uma boa pessoa, muito simples e brincalhão. Mas de uns tempos para cá andava meio triste, pois o grande amor da sua vida, a Sônia Dora, terminara o namoro.
Sônia Dora, além de bela e sensível, era muito distraída. Costumava trocar as palavras meio assim... sem querer.
Imaginem vocês que ela resolveu comprar uma cama nova. Tão logo o fez, correu até o Artur Dido e lascou:
- Amor, comprei uma cama nova, madeira linda, forte, cama de curupira!
- Sei, querida, imagino que os pés de sua cama sejam, então, virados para trás! Rsrsrsrsrsrsrs... É sucupira, meu bem, su-cu-pi-ra!
Fim do namoro! Sônia Dora não gostou da brincadeira.
Artur Dido ficou atordoado e muito triste.
Era verão e, todos os dias, ele ia a pé para o trabalho, caminhando lentamente pelas ruas do Eldorado, onde também morava. Ficava pensando, tentando encontrar um jeito de conseguir o perdão de sua amada. E teve uma ideia supimpa!
“Já sei! Vou dar a ela um presente: uma piscina inflável! Daí a gente aproveita para se refrescar um pouco nestes dias tão quentes!”
Dito e feito.
Artur Dido foi até a casa da Sônia Dora, pediu perdão e lhe entregou o presente. Ela, emocionada, disse-lhe:
- Oh, meu amor, uma piscina inflamável! Só para mim!
Fim do namoro. Desta vez foi o Artur que não quis mais saber do namoro.
“Imagina se ela resolve pôr fogo no presente! Inflamável?! Ora bolas!!!”

Sandra Medina Costa


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domingo, 14 de junho de 2009

O homem da cabeça de algodão


- Lá vem o homem da cabeça de algodão!
Era o alerta que eu dava. E todos corríamos para a janela para vê-lo passar: cabelos pretos, mas atrás da cabeça, um chumaço branco.
- É algodão! – gritava alguém. E justificava que o homem, ao se trocar pela manhã, para ir ao trabalho, não vira quando caíra uma bola de algodão que ficara grudado na cabeça.
- Não, não! É neve!
- Mas, como?! Aqui não cai neve!
- Então só pode ser alguma cinza ou farinha de trigo! A mãe dele estava fazendo bolo – explicava a menininha.
E por aí a estória rolava. Cada criança tinha uma explicação a dar para aquela bola branca. E eu me deliciava com todas aquelas fantasias. Nunca tive coragem de dizer que era apenas uma mecha de cabelos brancos, coisa comum.
E ríamos e éramos muito felizes.
O homem da cabeça de algodão nunca saberá que freqüentou durante muitos anos o nosso imaginário. Ele não faz idéia de que era o nosso protagonista favorito nas manhãs, quando íamos para a escola.
A vida precisa ser assim: alimentada de sonhos e fantasias.

Sandra Medina Costa

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sexta-feira, 12 de junho de 2009

O terceiro ano


O terceiro ano
do segundo grau me marcou
pelo preconceito da cor da pele,
pelo namoro mais firme,
pelos estudos relaxados,
pela quase “bomba” no final do ano,
pelo radinho de pilha – presente de formatura,
por um amor doente de enganos.


Sandra Medina Costa

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quinta-feira, 11 de junho de 2009

Conjunto vazio


Luquinha chegara afoito da escola: aprendera coisas novas na aula de Matemática, sua matéria preferida.
- Mãe, mãe, quero fazer já o Para Casa!
- Calma, Luquinha, descanse um pouco primeiro, meu filho! – recomendou sua mãe.
O menino tomou rápido o seu banho, saboreou um delicioso lanche que sua mãe lhe havia preparado e zás! correu para os estudos. A mãe acompanhava tudo com atenção.
- Vamos, filho, dê um exemplo de conjunto infinito.
- As estrelas do céu! respondeu imediatamente e escreveu no caderno.
- Agora, exemplo de conjunto unitário...
- Hmmmmm... o sol! – gritou feliz e, além de escrever, fez uma bela ilustração no caderno.
- Exemplo de conjunto vazio. Escreva.
Luquinha pensou... pensou... pensou... e, olhando para a mãe, já orgulhoso da descoberta, lascou a resposta:
- Conjunto de dentes da boca da Vovó!
(...) Silêncio geral. “Céus! Se a avó ouvisse aquilo?!” – pensava a mãe já preocupada.
Que nada! Quando soube daquela resposta, a Vovó caiu na gargalhada!

Sandra Medina Costa

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quarta-feira, 10 de junho de 2009

No espinho do limoeiro


Juvenil era um homem apressado
mas, também, nem um pouco cuidadoso.
Trabalhava duramente no roçado
e, à noitinha, retornava ansioso.

Dia desses, ao voltar pra sua casa,
no caminho ele ia tão ligeiro,
distraído, tropeçou numa pedrinha
e caiu bem em cima de um limoeiro!

- Ui! Ai! Ui! Ai! Ui! – gritou o Juvenil.
Saindo esbaforido e todo arranhado,
não viu que num espinho do pé de limão
seu grande olho esquerdo ficara enganchado.

Ao chegar esbravejando em sua casa,
percebeu uma estranha curiosidade:
para onde quer que Juvenil olhasse
só enxergava as coisas pela metade!

- Mulher, Mulher! O que tá acontecendo?!
- Ô coitado do meu Juvenil! Que dó!
É que você, marido destrambelhado,
chegou aqui em casa com um olho só!

Juvenil correu até o limoeiro
e pegou seu olho que estava grudado.
Bem depressa, ele pôs o olho na cara.
Distraído, não viu que ficou virado.

De volta à casa, se assustou novamente
e a mulher logo lhe deu um esculacho.
Agora tudo o que Juvenil olhava
enxergava de cabeça para baixo!

Sandra Medina Costa


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terça-feira, 9 de junho de 2009

o CASAL PERFEITO


Lya Luft

A solidão dos homens tem a medida da solidão de suas mulheres. Isso eu disse e escrevi - e repito - em dezenas de palestras por este país afora.
Aí me pedem para escrever sobre o casal perfeito: bom para quem gosta de desafios.
O casal perfeito seria o que sabe aceitar a solidão inevitável do ser humano, sem se sentir isolado do parceiro - ou sem se isolar dele?! O casal perfeito seria o que entende, aceita, mas não se conforma, com o desgaste de qualquer convívio e qualquer união?!
Talvez se possa começar por aí: não correr para o casamento, o namoro, o amante (não importa) imaginando que agora serão solucionados ou suavizados todos os problemas - a chatice da casa dos pais, as amigas ou amigos casando e tendo filhos, a mesmice do emprego, chegar sozinho às festas e sexo difícil e sem afeto. Não cair nos braços do outro como quem cai na armadilha do "enfim nunca mais só!", porque aí é que a coisa começa a ferver.
Conviver é enfrentar o pior dos inimigos, o insidioso, o silencioso, o sempre à espreita, o incansável: o tédio, o desencanto, esse inimigo de dois rostos. Passada a primeira fase de paixão, desculpem, mas ela passa, o que não significa tédio nem fim de tesão, a gente começa a amar de outro jeito. Ou a amar melhor; ou, aí é que a gente começa a amar. A querer bem; a apreciar; a respeitar; a valorizar; a mimar; a sentir falta; a conceder espaço; a querer que o outro cresça e não fique grudado na gente. O cotidiano baixa sobre qualquer relação e qualquer vida, com a poeira do desencanto e do cansaço, do tédio. A conta a pagar, a empregada que não veio, alguém na família doente ou complicada(o), a mãe ou o pai deprimido ou simplesmente o emprego sem graça e o patrão de mau humor. E a gente explode e quer matar e morrer, quando cai aquela última gota - pode ser uma trivialíssima gota - e nos damos conta: nada mais é como era no começo.
Nada foi como eu esperava. Não sei se quero continuar assim, mas também não sei o que fazer. Como a gente não desiste fácil, porque afinal somos guerreiros ou nem estaríamos mais aqui, e também porque há os compromissos, a casa, a grana e até ainda o afeto, é preciso inventar um jeito de recomeçar, reconstruir. Na verdade devia-se reconstruir todos os dias. Usar da criatividade numa relação. O problema é que, quando se fala em criatividade numa relação, a maioria pensa logo em inovações no sexo, mas transar é o resultado, não o meio.
Um amigo disse no aniversário de sua mulher uma das coisas mais belas que ouvi: " Todos os dias de nosso casamento (de uns 40 anos), eu te escolhi de novo como minha mulher". Mas primeiro teríamos de nos escolher a nós mesmos diariamente. Ao menos de vez em quando sentar na cama ao acordar, pensar: Como anda a minha vida? Quero continuar vivendo assim? Se não quero, o que posso fazer para melhorar? Quase sempre há coisas a melhorar, e quase sempre podem ser melhoradas. Ainda que seja algo bem simples; ainda que seja mais complicado, como realizar o velho sonho de estudar, de abrir uma loja, de fazer uma viagem, de mudar de profissão.
Nós nos permitimos muito pouco em matéria de felicidade, alegria, realização e sobretudo abertura com o outro. Velhos casais solitários ou jovens casais solitários dentro de casa são terrivelmente tristes e terrivelmente comuns. É difícil? É difícil. É duro? É duro. Cada dia, levantar e escovar os dentes já é um ato heróico, dizia Hélio Pellegrino. Viver é um heroísmo, viver bem um amor mais ainda. O casal perfeito talvez seja aquele que não desiste de correr atrás do sonho e da certeza de que, apesar dos pesares, a gente, a cada dia, se escolheria novamente!!!

Aliança



Lembrança
da primeira aliança
facetada,
sextavada,
sendo atirada
pela janela,
depois de amassada,
em direção ao gramado,
hoje todo cimentado.
(Será que alguém a achou?)
Lembrança
do primeiro passado
facetado,
desfolhado,
atirado pela janela,
depois de muito machucado,
em direção ao nada.
(Será que alguém o achou?)

Sandra Medina Costa

[imagem da web]

domingo, 7 de junho de 2009

Dois cachorros

[Fonte: web]

A inteligência sem amor


A inteligência sem amor te faz perverso;
A justiça sem amor te faz implacável;
A diplomacia sem amor te faz hipócrita;
O êxito sem amor te faz arrogante;
A riqueza sem amor te faz avaro;
A docilidade sem amor te faz servil;
A pobreza sem amor te faz orgulhoso;
A beleza sem amor te faz ridículo;
A autoridade sem amor te faz tirano;
O trabalho sem amor te faz escravo;
A simplicidade sem amor te deprecia;
A oração sem amor te faz introvertido;
A lei sem amor te escraviza;
A política sem amor te deixa egoísta;
A fé sem amor te deixa fanático;
A cruz sem amor se converte em tortura;
A vida sem amor... não tem sentido...
Amar é a melhor forma de ter, mas ter, é a pior forma de amar.

José Saramago

[imagem da web]

sábado, 6 de junho de 2009

Não sei...


Não sei
Se a vida é curta ou longa demais para nós.
Mas sei que nada do que vivemos tem sentido,
se não tocarmos o coração das pessoas.
Muitas vezes basta ser:
Colo que acolhe,
Braço que envolve,
Palavra que conforta,
Silêncio que respeita,
Alegria que contagia,
Lágrima que corre,
Olhar que sacia,
Amor que promove.
E isso não é coisa de outro mundo:
É o que dá sentido à vida.
É o que faz com que ela não seja nem curta,
nem longa demais, mas que seja intensa,
verdadeira e pura enquanto durar.

Cora Coralina

[imagem da web]

Cicatrizes



Há um tempo atrás, fiz uma trilha em Guaramiranga com um grupo de amigos. Estávamos à procura de um lugar apropriado para um rappel. Inesperadamente, uma garotinha de aproximadamente oito anos se emparelha a mim e pergunta:
“quantas cicatrizes você tem?”
Antes que eu pudesse responder, ela diz: “eu tenho duas...” mostrando com orgulho duas marquinhas que possuía na perna. Depois saiu correndo alegre e satisfeita pela trilha.
A pergunta me atravessou feito uma flecha. De repente, começo a ouvir o meu coração batendo forte e apressado. Um suor frio (que mais parece vir da minha alma do que do meu corpo em movimento), molha toda a minha camisa. O que era pra ser apenas uma trilha no meio da mata e uma descida de rappel, se transforma numa trilha tortuosa pelos caminhos do meu coração e uma descida sem cordas que penetra nas diversas camadas do meu ser.
Num instante, já não estou mais consciente de nada que acontece externamente: cores, pessoas, cheiros, ruídos e etc. Senti que fui impelida bruscamente numa viagem no tempo em que revisitei pessoas, histórias, amigos e situações que deixaram marcas.
Uma inocente pergunta me provocara uma espécie de expansão na consciência e me deixara frente a frente comigo mesma, sem nenhum tipo de proteção. Nesse momento, não me sinto triste, mas me sinto só; não sinto dor, mas sinto frio; não sinto pena de mim, mas choro...
Procurei um lugar isolado pra observar aquela avalanche de sensações e encontrei uma ponta de pedra, à beira de um penhasco, de onde se podia ver um bonito lago.
Lá, comecei a olhar para todas as cicatrizes que trazia na alma e no coração...
Fiquei pensando em quantos ferimentos tinham sido causados por minha responsabilidade direta, por escolhas desacertadas e buscas desencontradas; quantos eu havia permitido que os outros fizessem por ser tão crédula a respeito do amor, da bondade e da amizade; e quantos aconteceram por fatalidades ou imprevistos e que, nem por isso, foram menos dolorosos.
Parece que alguns ferimentos são tão letais que a gente tem a impressão de que se morre diversas vezes na mesma vida. E quando a gente ressuscita já vem com aquela cicatriz e um medo enorme de levar o próximo golpe... É incrível a nossa capacidade de suportar dores tão doídas, ferimentos tão profundos e, ainda assim, seguir em frente acreditando na vida mais do que na morte.
Enquanto meus amigos já desciam de rappel no lago, um desconhecido que me vê lá de baixo, pergunta: “vai desistir”?
A pergunta me traz de volta ao presente e eu faço um breve aceno com a mão.
Sem saber quanto tempo se passara, penso comigo mesma: desistir? Não, hoje não! Hoje tenho um paredão de pedras para enfrentar e ele não é muito diferente de algumas pessoas duras e situações ásperas que eu tenho que lidar nesse mundo cheio de gente raivosa e ressentida.
Compreender a natureza tal como ela é, sem julgamentos, e lidar com as situações adversas que ela apresenta, me ajuda a ser mais flexível com as fraquezas naturais do ser humano e com as minhas próprias, e também me dá a certeza absoluta que, apesar de tudo, a vida se renova não importa quantos ferimentos ela venha a sofrer.
No rappel, sei que alguns pedaços podem desabar e que eu posso me machucar, mas acredito que viver é isso: correr riscos, de vida e de morte! Mas, além disso, sei também que no meio da descida íngreme sempre é possível achar uma flor de beleza rara encravada na pedra. E aí, então, a gente esquece os arranhões, as feridas e as cicatrizes, e ressuscita de novo a fé na vida e nas pessoas e volta a amar mais uma vez, sem se importar com as conseqüências.

[imagem da web]

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Deus do Céu


Deus do céu, por que reles coisas
me jogam tão lá para baixo?
Palavras de duplo sentido,
maldosas insinuações...
Um pequeno esquecimento
já vira causa de tormento,
aumenta a dor de cabeça,
logo faz com que eu me entristeça.
Choro, sofro uma dor sentida
(sem qualquer sentido na vida)...

Para acalmar meu coração
Tua verdade vem de imediato.
Sei que quando meus pés vacilam,
o Senhor se põe ao meu lado.
Teu consolo eu experimento,
se as angústias são retiradas:
a fragilidade de outrora
esvaiu-se, foi arrancada.

Sandra Medina Costa

[imagem reflejosdeluz.net]

A terceira irmã / o terceiro irmão


Os marcos de minha vida
- exigência versus proteção
- loucura versus equilíbrio
- incentivos versus amparo
- desnorteio versus “centração”
Pontos-chave
de muitas sessões
de psicoterapia.


Sandra Medina Costa

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Um pouco de Vinícius


Poder dormir
Poder morar
Poder sair
Poder chegar
Poder viver
Bem devagar
E depois de partir poder voltar
E dizer: este aqui é o meu lugar
E poder assistir ao entardecer
E saber que vai ver o sol raiar
E ter amor e dar amor
E receber amor até não poder mais
E sem querer nenhum poder
Poder viver feliz pra se morrer em paz

(Vinicius de Moraes in Poesia completa e prosa: "Cancioneiro")

[imagem da web]

Mãos esqueléticas


Mãos esqueléticas,
patéticas...
Trêmulas,
elas pegam as cartas
e mal conseguem segurá-las:
escorrem por entre os dedos
esqueléticos,
patéticos,
de tanto apontar os defeitos alheios.
Que outros segredos escondem
aquelas mãos patéticas,
esqueléticas?
Subtraíram valores, amores
e, de súbito, se traíram.
Vida e força se esvaíram.
Enfeiam agora um corpo esquálido
que se move inseguro.
O anel jaz
no dedo magro
da mão esquerda.

Sandra Medina Costa

[imagem da web]

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Ideias por um fio


Brendinha é sonhadora. Gosta muito de ouvir as histórias que sua tia lhe conta quando viajam para Vila Velha.
Numa dessas tardes preguiçosas da vida, Brendinha deitou-se no colo de sua mãe e pediu logo à tia:
- Conta de novo a história do homem que perdeu o nariz, tia? Conta, vai! Por favor, por favor, por favor!
- Está bem, minha lindinha. Vou contar. Vou buscar nos livros da memória.
Nesse momento sua mãe deslizava as mãos suavemente por seus cabelos... Puxava-lhe algumas mechas, às vezes parecia pegar fio por fio... E aquilo era muito bom!
- Conta logo, tia!


- Era uma vez um homem
que se chamava Juvenal.
Trabalhava duramente
em um canavial.
Era foice pra lá,
foice pra cá,
corta a cana,
tira a folha da cana,
amontoa a cana...
“Tchap! Tchap! Tchap!”
Já anoitecia e Juvenal não via.
Era foice pra lá,
foice pra cá, até que...
“Tchap!” foi-se o nariz!
- Oh, céus! Cadê beu dariz?
O nariz do Juvenal
caíra no chão do canavial.
E àquela hora
a noite já havia chegado,
como ir embora
assim, desnarizado?
Juvenal, desesperado,
corria pra todo lado.
Foi quando teve uma idéia feliz
para encontrar o seu nariz!

- Ai, mãe! Você puxou meu cabelo! – queixou-se chorosa a Brendinha – Você arrancou um fio que tinha a idéia do Juvenal! Você tirou meu pensamento!
Impossível não rir daquela situação. Que menininha! Que imaginação! Sua mãe adulou-a nesse momento e lhe disse:
- OK, Brendinha. Vou colocar o fio no lugar de novo. Pode continuar a história, tia da Brenda!

- Continuando... Juvenal desconsolado
pôs-se de orelha em pé!
Enfiou a mão no bolso
e tirou lá de dentro
um vidrinho de rapé!
Enquanto jogava o pó de rapé
espalhando-o pelo chão,
chamava pelo amigo:
“Espirra aí, Seu Narigão!”
“Atchim! Atchein! Atchô!”
Juvenal seu nariz achou.
Ele sorriu contente,
pegou o nariz do chão
e colocou-o na cara,
logo acima do bocão.
Mas não percebeu que, na pressa,
(estava atrasado à beça!)
não foi perfeito o encaixe
e o nariz, coitado,
ficou de cabeça pra baixo!
Para a sorte do Juvenal,
depois que ele chegou em casa
caiu o maior temporal.
E até hoje o coitado
anda por aí de nariz virado...

Brendinha dormira feliz. Na certa sonhando com Juvenal e seu nariz.


Sandra Medina Costa

[imagem da web]

A Parábola do Lápis


O Fabricante de lápis falou com cada um de seus lápis dizendo:
- Existem cinco coisas que você precisa saber antes de eu lhe enviar para o mundo. Sempre se lembre delas e você se tornará o melhor lápis que você pode ser.
  • Primeira: Você poderá fazer muitas grandes coisas, mas só se você permitir-se estar seguro na mão de Alguém.
  • Segunda: Você experimentará um doloroso processo de ser afiado de vez em quando mas isto é exigido se você quiser se tornar um lápis melhor.
  • Terceira: Você tem a habilidade de corrigir qualquer mal entendido que você puder ocasionar.
  • Quarta: A parte mais importante de você sempre estará do lado de dentro.
  • Quinta: Não importa a condição, você deve continuar a escrever. Você deve sempre deixar uma marca clara e legível não importa o quão difícil a situação.
Todos os lápis entenderam, prometendo lembrar-se sempre, e entraram na caixa compreendendo completamente o propósito do seu Fabricante.

[Desconheço o autor]

[Imagem da web]

terça-feira, 2 de junho de 2009

Lita e Gôdi


Lita e Gôdi se amavam.
Do mais alto grau
de sua sabedoria de infância,
cultivavam em seus coraçõezinhos
aquele amor de criança.
Aos quatro anos de idade
Lita e Gôdi se amavam.
Há quatro apenas
Lita e Gôdi se amavam.
E eles levavam a sério
as brincadeiras que viviam!
- Vão dormir, que já é tarde!
Acredite você ou não,
de verdade ele dormia.
- Minha cabeça está doendo! Lita choramingava.
E a “mãe” sabida lhe dava
um copo d’água e um grão de feijão
e a dor logo passava.
Lita foi embora.
Um dia ela cresceu.
Acabaram-se os feijões mágicos.

Sandra Medina Costa

segunda-feira, 1 de junho de 2009

A Oração de JUNHO


Senhor Jesus, que a contemplação da Trindade me predisponha para construir minha vida a partir deste modelo consumado de comunhão. Possa a Eucaristia recordar-me sempre que pertenço ao povo redimido por ti e a caminho da casa do Pai, que a água e o sangue, jorrados do teu coração transpassado, revigorem o amor e a fidelidade que estão no meu coração! Com Pedro e Paulo, discípulo e missionário, com João Batista teu precursor, cria no meu coração o mesmo amor por ti e por tua Igreja, e inspire minha tarefa de preparar os corações para receber-te.
Amém.

Irmã Sônia de Fátima Marani Lunardelli, TCSF.
Fonte: Folhinha do Sagrado Coração de Jesus