No dia 07 de
maio a humanidade comemora o dia do silêncio, uma data que nos convida a
desenvolver a arte de calar, de ser capaz de buscar o oásis da plenitude e da
paz interior, de estar atento e focado na escuta dos outros, do grande Outro e
de todas as criaturas.
Um autor
desconhecido expôs numa espécie de poema as diversas modalidades de calar: “Calar
sobre sua própria pessoa é humildade, calar sobre os defeitos dos outros é
caridade, calar quando a gente sofre é heroísmo. Calar diante do sofrimento
alheio é covardia. Calar diante da injustiça é fraqueza, calar quando outro
fala é delicadeza. Calar quando o outro espera uma palavra é omissão. Calar e
não falar palavras inúteis é penitência. Calar quando não há necessidade de
falar é prudência. Calar quando Deus nos fala no coração é silêncio. Calar
diante do mistério que não entendemos é sabedoria”. Aprender a calar e
fazer silêncio é fundamental para compreender e usar bem a palavra, é abrir
espaços de escuta e de conversa espiritual interior, é tornar-se mensageiro e
receptor do essencial, do profundo e transcendente.
Precisamos mais
de sociedades menos barulhentas e vazias, onde as ondas sonoras com milhares de
decibéis nos atordoam e nos fazem esquecer de nós mesmos. A liturgia precisa
ser mais orante e silenciosa como Maria Santíssima, nunca sucumbir a armadilha
de torná-la um show de entretenimento, de efeitos especiais e de protagonismos
superficiais.
Como afirmava
Karl Rahner o cristão do século XXI será místico ou perderá a sua identidade. O
silêncio nos nossos dias passou a ser questão de saúde mental, de
sobrevivência, pelo que precisamos urgentemente recolher-nos, viver a alegria
do silêncio, domesticando o celular, a internet, a música que fere nossos
ouvidos.
Amar o próximo
entre outras coisas é escutá-lo, acolhê-lo no coração, vivendo a hospitalidade
interior. Sem silêncio nos tornamos banais, quando não brutais, rompamos a
espiral da violência sonora e barulhenta que não nos permite ser aquilo que
somos chamados a ser.
Que o Deus da
Palavra e do Silêncio nos transforme em almas silenciosas, pobres em espírito,
amantes e ouvintes da Palavra Eterna e do amor infinito. Deus seja louvado!
Dom Roberto
Francisco Ferrería Paz
Fonte: CNBB