quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Ensimesmar


No dia 30 de dezembro...

O ano perto de se findar
segundo o calendário dos homens,
mas eles mal sabem decifrar
o que a alma lhes consome.

A dor que me oprime o peito
é de sempre. Não é de agora.
Sentimentos que pensei refeitos
derramam-se lágrimas afora.

Choro os sonhos enfim perdidos,
a possibilidade ínfima zerada
de, por um milagre, voltar no tempo,
corrigir a vida, retomar a estrada.

Mas as escolhas foram implacáveis.
O orgulho, o erro, a honra, a prevalecer
fizeram de nós tristes errantes
numa luta inútil do vir a ser.

Morremos lentamente todos esses anos.
Um pouco a cada dia sem nem notar.
Viver de amor, viver de engano,
morrer de dor. Ensimesmar.

Sandra Medina Costa

[Imagem Google]

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