Subo
agora
a
rua de pedras
e
o efeito é mágico.
Há
tempos esse caminho
me
seduz
querendo
virar poema.
Viajo
num tempo
que
não existe.
Imagino
os que ali estiveram,
agachados,
suor em bicas,
colocando
pedra por pedra
para
formar a rua
que
ora subo.
Alguns
sentados ao chão.
O
suor caindo em gotas
que,
vez por outra,
caem
sobre alguma
pedra.
E
o sol forte incidindo
sobre aqueles homens,
sobre aquelas pedras,
sobre aquelas gotas,
cria o mistério do
inefável.
Homens
fazendo um caminho
que
outros passarão um dia
e
se deterão a olhar,
e
se deleitarão ao ver,
a se encantar com as pedras
que
parecem emergir
de
um tempo mágico,
onde
a gota de suor
sobre
a pedra
vai
desaparecendo lentamente,
evaporando,
levando aos céus a oração
daqueles
homens.
Homens árduos
porque árduo é o
caminho,
porque árduas são as
pedras,
porque árduo é o calor,
porque árdua é a vida.
Hoje,
subo
inebriada a Costa Belém – rua de pedras
e
vejo vida entre elas,
pois
entre as gretas,
no
fino vão que as separa,
há
plantinhas que brotam, que resistem.
Subo
agora a rua ladeada de árvores...
Mas
não importa a beleza, a força, as flores...
O
que me atrai são as pedras que formam a rua,
que
formam meu caminho.
Sandra Medina Costa.
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