Imagem: Pixabay
O cão e os avós
Artur da Távola
Quem não sofreu na infância por um cão? No simples episódio
de a carrocinha içar o cachorro revela-se o mundo de autoritarismo dos sistemas
e dos pais, para quem talvez tudo seja bobagem de criança. O estado açambarca o
animal. O pai não dá a devida atenção. A criança vai à febre e ao desmaio.
A “bobagem” é séria como tudo o que sente e fala a criança. A “bobagem” é a verdade de uma forma de amor que nunca mais se terá ou voltará, se não for compreendida na hora e medida certas. A “bobagem” é a necessidade de se relacionar, em profundidade com o melhor de si mesmo expresso no amor a animal, planta, pessoa, brinquedo ou amigo, reais ou imaginários.
A gradação do valor é sempre dos adultos ou das formas dominantes de poder e comportamento. A realidade – porém – não é assim. Um brinquedo ou um cão para o menino; o cavalo para o lavrador; a demonstração de amizade e afeto para o carente, o gesto para o deprimido, são tão importantes quanto os magnos problemas de uma nação para o estadista.
Na criança correndo atrás do seu cão está a essência do sentimento que faz o mistério. Os pais quase nunca o captam. Sim os avós. Estes já viveram e perderam certa ilusão “educativa” que ilude os pais em sua ansiedade “formadora”. Avós e crianças – em pacto – redescobrem o universo da infância em plenitude e saudade. Os avós e os netos, só eles sabem a utilidade de um cão inútil.
Artur da Távola
Fonte: https://letraselivros.com.br/livro/artur-da-tavola-razao-e-sensibilidade/
Artur da Távola
A “bobagem” é séria como tudo o que sente e fala a criança. A “bobagem” é a verdade de uma forma de amor que nunca mais se terá ou voltará, se não for compreendida na hora e medida certas. A “bobagem” é a necessidade de se relacionar, em profundidade com o melhor de si mesmo expresso no amor a animal, planta, pessoa, brinquedo ou amigo, reais ou imaginários.
A gradação do valor é sempre dos adultos ou das formas dominantes de poder e comportamento. A realidade – porém – não é assim. Um brinquedo ou um cão para o menino; o cavalo para o lavrador; a demonstração de amizade e afeto para o carente, o gesto para o deprimido, são tão importantes quanto os magnos problemas de uma nação para o estadista.
Na criança correndo atrás do seu cão está a essência do sentimento que faz o mistério. Os pais quase nunca o captam. Sim os avós. Estes já viveram e perderam certa ilusão “educativa” que ilude os pais em sua ansiedade “formadora”. Avós e crianças – em pacto – redescobrem o universo da infância em plenitude e saudade. Os avós e os netos, só eles sabem a utilidade de um cão inútil.
Fonte: https://letraselivros.com.br/livro/artur-da-tavola-razao-e-sensibilidade/
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