quarta-feira, 4 de julho de 2012

Pseudomater

Te olho de longe,
mas não me olhas.
Escanchada na cintura
da outra criança
(seis anos mais velha),
choro sua falta.
Medo da lua.
Mas me ignoras,
absorta que estás
em teu trabalho.
Parto.
Trabalho de parto.
Parte de mim ficou pra trás.
A criança que me traz escanchada
já se entorta para o lado.
Peso dobrado.
O peso do corpo que empurra
o peso de assumir uma maternidade
que não lhe pertence.
Ela também te olha de longe,
sem entender,
mas não a olhas,
alheia que estás.
- Olha a lua!
Não olho.
Choro sua ausência.
Medo da lua.

Sandra Medina Costa

[Imagem Google]

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