Manhã de terça-feira, eu tomando café na
mesa.
Um barulho vem de longe, serra elétrica,
árvores deitadas....
Um cheiro forte me entra pela janela
Me invade as narinas e a alma.
É cheiro de mato verde,
Cheiro de grama verde sendo cortada.
Choveu muito por esses dias.
A grama cresceu muito por esses dias.
Desejosa de se mostrar como as outras plantas
Que ficaram mais viçosas,
Assim como a roseira da esquina, cheinha de
rosas,
A grama quis dar o ar de sua graça e ficar
também vistosa.
Com toda a força da alma que brota no fundo
Das suas raízes mais profundas,
Lançou ao alto suas folhas fortes e bem
verdes.
Um verde-escuro de dar gosto!
Mas não se contentou com isso: fez brotar
também suas flores.
Mas, alvoroçadas e intrometidas,
Outras plantas rasteiras,
Invejosas que estavam,
Ao ver a grama altaneira,
Se espalharam por todo o jardim
E ali cresceram
Trevos de toda sorte e tamanho,
Matinhos com flor de pendão,
Plantinhas desconhecidas,
E até dente-de-leão!
Mas os donos do jardim não gostaram disso,
não.
Chamaram um homem estranho,
Que logo veio trazendo uma estranha máquina
Que fazia um barulho terrível e ameaçador.
Sem dó nem piedade,
O homem ligou sua máquina de cortar alegria,
E pôs-se a desmanchar todo aquele alvoroço
Que estava no jardim.
E, assim, era uma vez uma grama...
Agora ficou só o cheiro.
Um cheiro forte que me entra pela janela,
Me invade as narinas e a alma.
Cheiro de mato verde,
Grama sendo cortada.
Sandra Medina Costa
[Imagem Google]
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