Se, antigamente, afirmava-se que a única função do dedão
era segurar a parte de baixo do sanduíche, hoje já não se pode dizer o mesmo. O
dedão evoluiu!
Ágil se move sobre o teclado alfanumérico dos celulares, tablets (e outras geringonças
ultramodernas) e sai feito louco escrevendo mensagens, fazendo contas,
capturando imagens. Não me surpreenderia se perdesse o status de “dedão”, tal a
magreza em que se encontra. Os dedões se veem hoje tão conectados à modernidade
que, superior aos outros dedos, reina único, absoluto! E, junto aos demais, já
ignora o lápis que outrora tanto admirava, não tem mais tempo para o sanduíche,
mal aceita a manicure, pois vai que esta, distraída, lhe fere a cutícula!? e
está feito o estrago. Vai doer, inchar, e corre o risco
de virar "dedão" de novo.
Olho de relance os passageiros no ônibus... A mão que
balança o berço, agora, segura firme o celular, o dedão a postos, enquanto a
criança se ajeita como pode no braço. Para todos os lados que se olhe, só se
veem dedões e celulares. Ouvidos tapados, também conectados, vão aos poucos
perdendo sua função (ou “evoluindo” como o dedão).
É noite. E todos os gatos são pardos, todos os dedões se
conectam, todos os ouvidos se tapam, todos os olhos se fecham. O dedão evoluiu
(e, com ele, toda uma geração).
Sandra Medina Costa
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