domingo, 25 de setembro de 2016

Lita


Os olhos de Lita
me deixam aflita.
São negros,
são tristes,
doçura infinita.
O corpo que sonha
é magro e esguio.
As mãos ela esconde.
Coração por um fio.
Na cabeça
as ideias encaracoladas
por mil fios
de cabelo pintado.
Os pés de Lita,
quem diria,
já andaram descalços,
um dia.
Hoje eles a sustentam,
conduzem,
levam e trazem-na
silenciosamente,
ensimesmados,
presos nos sapatos.

Sandra Medina Costa

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