sábado, 14 de dezembro de 2013

O Espelho


Descobri que nunca me verei. Por mais espelhos que existam, por melhor que meus olhos sejam, nunca me verei por mim mesma.
No espelho contemplarei minha face invertida.
Descobri que nunca me verei e isso me assusta!
Percebo, então, a sutileza da sabedoria divina: deu-me olhos, fez-me enxergar, entretanto só posso ver-me, verdadeiramente, através do olhar do outro.
O outro é meu espelho, aquele que me mostra quem sou, como sou, porque sou.
Mesmo “digerindo” com alguma dificuldade essa descoberta, não há como contestar: eu me reflito inteira nesse “espelho”, minhas luzes, minhas trevas.
Vou descobrindo, aos poucos, porque amo o que amo. Amo o que de mim há no outro e que reflete minha luz. Igualmente, rejeito o que há de escuridão ali refletido.
Preciso ter maior clareza disso, para não incorrer no risco de tentar dissipar as trevas no outro, não as reconhecendo quando forem minhas.
Quero a Luz. Sempre.
Quero ser luz.
Quero me ver luz.

Sandra Medina Costa

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