quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Não serei


“Não serei o poeta de um mundo caduco”,
pois, se antigamente, jogava-se pedras na lua,
hoje, em nome da ciência crua,
provoca explosões na mesma algum maluco.

Tampouco serei salvador da pátria,
com gestos de uma grandeza nobre
e o irmão cada vez mais pobre...
“... tenho mátria e quero frátria”.

Não serei pedra de tropeço. Já fui alicerce, pilar,
fui ponte, fonte de arrimo, motivo de riso e destino.
Disso não mais preciso. Sou pedra de recomeço.
Se mudo, não envelheço.

Não sou mais dona da verdade,
nem a marionete do jogo, ou a mão do gato no fogo
a tirar a pipoca caída num dos revezes da vida.
Vou viver a fundo o meu dia, antes que seja tarde.

Sandra Medina Costa

(Ref.: “Não serei o poeta de um mundo caduco” – C. D. Andrade; “... tenho mátria e quero frátria” – C. Veloso.)

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