“Quando
se crê em Deus,
não
há cotidiano sem milagres.”
(Nikos Kazantzakis)
Isabel Cristina, assim como todos os
bebês, nascera divinamente com as mãozinhas fechadas. Trazia ali todas as
bênçãos que o Senhor lhe encarregara de distribuir quando aqui chegasse.
A sua mãe, sempre intrigada com
aquelas mãozinhas tão meigas e fechadinhas, acariciava-as, puxava-lhe os
dedinhos e dizia à Isabel Cristina com carinho:
-
Que lindas mãozinhas, minha filhinha! Parecem duas conchinhas! O que elas tem
de tão precioso, que seguras tão veemente?
E a menina sorria, pois sabia do
grande tesouro que consigo trazia. Ela esperava ansiosa que sua mãe amorosa
logo o descobrisse. Para isso, a mãe de Isabel Cristina, assim como todas as
mães do mundo, teria que fazer um gesto mágico...
Numa bela manhã de sol, a mãe tomou
nos braços a menina e, de novo, falou:
-
Que lindas mãozinhas, minha filhinha! O que de tão precioso tem, que seguras
assim tão firme, meu bem?
Dito isto, acariciou-lhe de novo as
mãozinhas, puxando-lhe os dedinhos e naquelas macias “conchinhas” depositou
doces beijinhos! E o milagre, então, aconteceu! Milhares de bênçãos inundaram o
quarto, a casa, a família, os amigos, o mundo...
Hoje Isabel Cristina, aquela doce
menina, cresceu, virou gente grande, não se lembra mais desta história.
Casou-se e tem um filho amado – Saulo. Ela não entende por que, todas as
manhãs, beija-lhe as mãos carinhosamente e se sente como se atendesse aos
apelos do coração.
(...)
Ainda existe muita gente por aí, levando
a vida com os punhos cerrados, sem estender a mão ao próximo, indiferentes aos
apelos de amor e de fraternidade. Não receberam o gesto mágico de seus pais
quando nasceram, e o tesouro se perdeu. Não receberam os doces e mágicos beijos
em suas mãos, que libertariam o grande tesouro: as bênçãos que o Senhor lhes
encarregou de distribuir ao mundo.
Sandra
Medina Costa
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