É
óbvio que tenho medo do escuro.
O
óbvio tem a capacidade
de
ficar mimeticamente escondido.
Por isso tem que ser dito.
Para
ser esclarecido.
O
que há nele?
O
que me impede de acender a luz?
- O gesto é simples, mãe! Basta isso:
apertar o interruptor, para cima ou para baixo.
Simples.
Simples assim.
- Mas tem que ser no seu tempo, mãe.
Você determina a hora de apertar o interruptor.
Faça-se
a luz!
E
a Luz foi feita.
E
a Luz era o Verbo.
E
o Verbo habitou entre nós.
Escuro.
O
medo que existe.
É
lá no escuro,
não
no futuro,
que
habita o medo.
O
medo é degredo.
Degredo
é prisão.
Ausência
de luz.
Escuridão.
Busco
pela memória
longínquas
lembranças
do
escuro que me apavora.
Terá
sido algum castigo?
Terei
corrido perigo?
Gritei.
Ninguém me ouviu.
É
no escuro que habita o imponderável.
A
noite que chega
traz
com ela grandes mistérios
e
o poder de tornar maior todas as dores,
ainda
que também seja cúmplice
de
certos e eternos amores.
Na
escuridão do meu inconsciente
há
medo,
há
choro,
há
dor,
há
desamparo.
Na
escuridão do meu inconsciente,
o
medo paralisa,
a
voz é fraca,
o
raciocínio é lento.
Não
alcanço o interruptor.
- É simples, mãe. É só fazer isso:
levantar-se, mover-se!
Sair
da inércia.
Chegar
até o interruptor.
Acender
ou apagar a luz, tanto faz.
Importa
a Luz maior que está dentro de mim, desde sempre.
Essa
Luz...
você
já sabe,
é
Jesus.
Nenhum comentário:
Postar um comentário