domingo, 20 de setembro de 2009

Minha história com o Colégio Santa Rita



Ali estava: um lugar de gente feliz! Era o que eu procurava.
Subi ansiosa a Rua Costa Belém para a entrevista com a diretora, Ir. Maria.
― Vim em busca de trabalho – enfatizei. Para mim, procurar um emprego não é o mesmo que procurar trabalho.
Março de 2003. Iniciava ali um tempo de aprendizagem e crescimento. Tudo era novo. Não tive dúvidas: mudei-me para a região do Barreiro pois precisava vivenciar mais profundamente a nova missão que Deus me concedia naquele momento tão significativo de minha vida. Tudo era novo.
No Colégio Santa Rita reconheci valores, aprendi o exato significado da palavra gente, encontrei amigos... fui acolhida tal qual feto no ventre materno, e fui “gerada” de forma a renascer todos os dias. Pude comprovar o que li um dia: um bom relacionamento implica em que o outro me re-conheça cada vez que a gente se re-encontrar.
E foi assim. Dia a dia, novas lições, a escola crescia e eu também. Em cada momento vivido, um passo novo, a alma alimentada. Captar na essência o sentido do gesto concreto de fraternidade, nos mais variados projetos tão bem elaborados e desenvolvidos pela escola. Perceber a alegria revestida de luz nos olhos dos alunos, o envolvimento e comprometimento nas atividades propostas. Muitas vezes me surpreendia com eles, encantada. Meu olhar mudava.
São tantas as histórias, tantas as descobertas... Uma delas foi saber que o Colégio nasceu no mesmo ano que eu, 1959. Daí, a necessidade premente de pesquisar, conhecer um pouco mais da origem do meu ninho. Cada projeto, texto de convite, evento pensado em conjunto, cada sim e cada não, renderam todos eles verdadeiras aulas para mim. Os momentos fortes da escola, as comemorações, a emoção de ver no primeiro outdoor a homenagem aos pais... inesquecível!
Aprendi a cantar o “Parabéns” de forma abençoada, com as mãos erguidas no final, em direção ao aniversariante... Celebrei muitas vidas novas que Deus ali enviou, filhos já amados por todos nós e tão ansiosamente esperados antes mesmo de virem ao mundo. Ficávamos todos grávidos e felizes.
Com os pequeninos pude me ver de novo criança. Meu coração voltava-se para a menor idade. A melhor idade (e eu era de novo criança...). Ali estava a fonte de minhas inspirações e o alimento de minha alma. O parquinho colorido, a árvore com cheiro de Natal, as brincadeiras mais lindas... eu assistia de longe e me via.
Em nossa escola sempre percebi um cuidado especial com todos. Apaixonei-me quando vi as turmas identificadas não por números ou letras vazios de significado, mas por valores. Alegria – Amizade – Amor – Busca – Conquista – Diálogo – Discernimento – Esperança – Felicidade – Harmonia – Liberdade – Lealdade – Ousadia – Partilha – Perseverança – União – Verdade. Sempre houve uma preocupação com a criança que habita em nós.
Com as pessoas grandes, grandes ensinamentos... Filosofar. Repensar. Perguntar. Descobrir. Questionar. Qual o tamanho de tua janela? Que segredo esconde um prendedor de roupas? Qual o valor das Marias de minha vida? Qual é a cor do amor? Eu e o outro. O espelho. O perdão.
Dias de convivência. Encontros. Formação agostiniana. Tive inestimáveis oportunidades de aprendizagem nos encontros, dentro ou fora da escola. Conviver com Deus, comigo mesma, com os outros, com o meio e, daí, garimpar os melhores tesouros. Acho que cresci um pouco. Virei gente grande. Exercitei o perdão.
Um dos momentos mais marcantes: Ir. Maria, eleita conselheira do Governo Geral da Congregação, receber nossos “conselhos”. Em dezembro de 2007, fizemos uma produção coletiva de conselhos para que ela levasse consigo quando se mudasse para Roma. Caprichosamente ilustrado pela Rejane, o livrinho e suas as páginas continham três folhinhas, sendo uma de cada cor (amarela, vermelha e verde) e algo especialmente escrito para ela, por cada um de nós.
Em quase seis anos de Colégio Santa Rita, trabalhei minha fé, exercitei meus dons e talentos, usufruí da convivência do melhor que a vida me ofereceu, saboreei a mudança das estações de cada ano, sorri, chorei, sonhei, realizei muita coisa, aprendi, vivi a dor do outro, compartilhei da alegria do irmão... Renasci em cada Natal, em cada Páscoa...

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