terça-feira, 15 de setembro de 2009

O Carro

O carro passou rápido.
O passado se foi sem que eu me desse conta
do vermelho que agora é cor branca.
E o negro que me ofereceu
a primeira aliança amassada,
que um dia fora encontrada em algum chão,
era o destino trazendo de volta
o gesto tresloucado de amassar
e atirar pela janela uma aliança.
Triste lembrança.
Só agora compreendo.
Na hora inflei-me de desconfiança,
incompreensão e revolta
e recusei prontamente.
Eu “merecia” uma aliança decente!
Mais tarde, novo desatino...
A oferta negra de um barracão pequeno,
apertado, sem conforto, um sufoco!
De novo uma oferta simplória,
uma barata economia
em nome de uma antiga vida vazia.
Recusei sem dó.
Eu “merecia” coisa melhor!
Inverti a situação,
não sei se quis ensinar...
“Fiquemos juntos na casa boa,
que é o meu melhor a te ofertar.”
Vivemos junto uma vida de mútuo crescimento,
alegrias, amor, tristezas, superação...
Hoje o carro passou rápido.
E eu nem sabia que mudara de cor.
Assombrou-me infantil ciúme.
Já terá também novo amor?

Sandra Medina Costa

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