domingo, 2 de junho de 2013

Doce Amargo


É tarde. A noite traz seu doce amargo.
O doce sabor do prazer é marrom, quase negro.
O amargo tem a cor verde escura.
Um verde escuro, diria, talvez, verde-musgo.
Um verde que lembra lodo (e lodo não me atrai),
pois o musgo remete-me a situações tristes, lembra o chão,
o lodo, e traz rejeição.

O doce e o amargo.

Talvez tenha sido assim minha vida.
Provar os dois. Não há meio termo.
O doce e o amargo
(azedo no meio).

Escrevo agora na penumbra da noite.
Ficou gravada, hoje, na lembrança essa imagem:
Simultaneamente,
o doce e o amargo
(uma xícara de café bem doce,
uma xícara de losna bem forte, geladinha...)

Opções de vida.
Café ou losna?
O doce ou o amargo?
A paz ou a revolta?
Mover-se ou queixar-se?
Ser feliz ou ter razão?

Há dubiedade na alma.
A dubiedade das almas.
A unificação das almas.

Vê. Me escuta!
Sou eu quem em silêncio grita:
Vem estar comigo,
me olha nos olhos,
me ama como da primeira vez.
Me queira com antes!
Sejamos namorados, desde sempre, que demoraram para se encontrar
nesta vida.
Não demora, vem!
É tarde lá fora.
Mas nossas almas, estou certa,
Continuam sedentas daquela sintonia que nos tocou um dia.


Sandra Medina Costa

Belo Horizonte, 27 de março de 2007.

[Imagem Google]

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