- Lá vem o homem da cabeça de algodão!
Era
o alerta que eu dava. E todos corríamos para a janela para vê-lo passar:
cabelos pretos, mas atrás da cabeça, um chumaço branco.
- É algodão! – gritava alguém. E
justificava que o homem, ao se trocar pela manhã, para ir ao trabalho, não vira
quando caíra uma bola de algodão que ficara grudado na cabeça.
- Não, não! É neve!
- Mas, como?! Aqui não cai neve!
- Então só pode ser alguma cinza ou
farinha de trigo! A mãe dele estava fazendo bolo – explicava a menininha.
E
por aí a estória rolava. Cada criança tinha uma explicação a dar para aquela
bola branca. E eu me deliciava com todas aquelas fantasias. Nunca tive coragem
de dizer que era apenas uma mecha de cabelos brancos, coisa comum.
E
ríamos e éramos muito felizes.
O
homem da cabeça de algodão nunca saberá que freqüentou durante muitos anos o
nosso imaginário. Ele não faz idéia de que era o nosso protagonista favorito
nas manhãs, quando íamos para a escola.
A
vida precisa ser assim: alimentada de sonhos e fantasias.
Sandra
Medina Costa
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