“Acredito
na paz entre os homens. É possível, sim. É tudo uma questão de consentimento,
no sentido de se entender e entender o outro” – enfatizou Rejane.
Fiquei matutando a palavra
“consentimento”... Consulto o dicionário. [Consentir
v.t. Permitir; anuir; concordar. / Consentir
= com-sentir ou sentir com o outro. Permitir-se a paz. / Concordar. Lat. cor (d). Coração. Dar, doar com o
coração.]
Peço, então, para que ela me
estabeleça uma relação direta com o conceito que faz de sua mãe. Ela teima em
dizer que não, não tinha nada a ver uma coisa com a outra. Mas eu insisto, pois
a ideia me instiga. “Paz brota de mãe! Não tem como ser diferente!”
Surpreende-me a reação de minha
amiga. Inicialmente, começou a falar dos aspectos físicos, de maneira comum,
usual. Aos poucos, num tom carregado de poesia e emoção, disse. “Ela me teve... Agora sou do mundo. Sou
propriedade dela; ainda que pretenda deixar de ser, isso só acontecerá
financeiramente. Sinto que somos propriedade uma da outra. Não sei explicar por
quê. O que sei é que não pretendo deixar de ser propriedade dela no outro
sentido”. Vi, nos espaços invisíveis de suas palavras, uma relação de amor
e paz muito profunda e não dita entre elas.
Essa conversa foi há quase dez anos
e guardo-a até hoje. Penso em minha mãe. Penso na paz.
Sandra Medina Costa
Nenhum comentário:
Postar um comentário