quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Você acredita na Paz entre os homens?


     Acredito na paz entre os homens. É possível, sim. É tudo uma questão de consentimento, no sentido de se entender e entender o outro” – enfatizou Rejane.
     Fiquei matutando a palavra “consentimento”... Consulto o dicionário. [Consentir v.t. Permitir; anuir; concordar. / Consentir = com-sentir ou sentir com o outro. Permitir-se a paz. / Concordar. Lat. cor (d). Coração. Dar, doar com o coração.]
     Peço, então, para que ela me estabeleça uma relação direta com o conceito que faz de sua mãe. Ela teima em dizer que não, não tinha nada a ver uma coisa com a outra. Mas eu insisto, pois a ideia me instiga. “Paz brota de mãe! Não tem como ser diferente!”
     Surpreende-me a reação de minha amiga. Inicialmente, começou a falar dos aspectos físicos, de maneira comum, usual. Aos poucos, num tom carregado de poesia e emoção, disse. “Ela me teve... Agora sou do mundo. Sou propriedade dela; ainda que pretenda deixar de ser, isso só acontecerá financeiramente. Sinto que somos propriedade uma da outra. Não sei explicar por quê. O que sei é que não pretendo deixar de ser propriedade dela no outro sentido”. Vi, nos espaços invisíveis de suas palavras, uma relação de amor e paz muito profunda e não dita entre elas.
     Essa conversa foi há quase dez anos e guardo-a até hoje. Penso em minha mãe. Penso na paz.

Sandra Medina Costa

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