terça-feira, 10 de março de 2009

O Mal de Amar


Você veio em hora inexata,
não sei bem precisar quando.
Só sei que nasci de novo.
Quando vi, já o estava amando.


Mas o “Amor vive de engano” –
disse-me, um dia, um poeta.
Doloroso foi descobrir
que essa frase era certa.

“Amar – verbo intransitivo”,
um outro definiria,
com grande sabedoria,
há algum tempo atrás.

E eu, aprendiz da vida,
porém “grande” conhecedora
das regras gramaticais,
relutaria, contestaria:
Intransitivo?! Jamais!
Pois “quem ama, ama alguém”;
e, na voz passiva, “é amado”,
com direito a um agente
e bem preposicionado.
(...)
Hoje, ainda aprendiz da vida,
vejo, com certa amargura,
que o “mal de amar” tão citado
é um bem que não tem cura.

Continuo vivendo de engano.
A intransitividade? é real.
Passei só a ficar duvidando
de qualquer regência verbal.


Sandra Medina Costa


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