segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Acalanto de Mãe



Ó Mãe,
cuja tez de eterna matiz
me mostra que és uma rosa marrom.
A última vez que vislumbrei teu rosto em vida, chorei.
Não eras tu.
Só depois, vendo-a ali, deitada,
coberta de flores que eu mesma escolhera,
por sinal não eram rosas,
porque rosa só tu, deveras,
pude ver a suavidade de tua tez de eterna matiz.
Rosa marrom.
Me dize agora em tua inquebrantável fé,
no frescor de tão suave alma,
por que foi que te perdi? Quando é que aconteceu?
Em que parte de minha vida nosso laço de amor se rompeu?
O cordão fora cortado ao nascer, eu sei.
Voltasse de novo o tempo
e eu te amaria de novo.
Não sei explicar o porquê.
Mas sei que, apesar de tudo, Maria, rosa marrom,
cujo ventre me acolheu um dia,
eu mais ainda te amaria.
Quantas vezes me afastasses, mesmo assim eu te amaria.
Maria.
Ana.
Rosa.
Rosa marrom na tez de eterna matiz,
em teu ventre sei que fui feliz.
Nome de santa,
alma de mulher comum,
ventre de luz
a que o amor me conduz.
Eu só sei que te amaria.

Sandra Medina Costa

[imagem da web]

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