terça-feira, 21 de maio de 2013

A Sabedoria e o Bom Senso



Richard Simonetti

          O sábio indiano passava com um discípulo às margens do Ganges.
          Em dado momento, viu um escorpião que se afogava no rio. Pressuroso, estendeu a mão e o retirou das águas. Previsivelmente, o escorpião picou sua mão. Não obstante a dor, o sábio, cuidadoso e paciente, o depositou em terra firme. Teimoso, o bicho voltou ao rio.
          O discípulo, admirado, viu seu mestre novamente, submetendo-se a nova agressão. O escorpião, que parecia orientado por vocação suicida, retomou às águas. Repetiu-se a cena. A mão do sábio intumescia, dor lancinante.
          - Mestre - balbuciou, confuso, o discípulo -, não estou entendendo. Esse escorpião o atacou três vezes e o senhor continua empenhado em socorrê-lo?
          Ele sorriu.
          - Meu filho, é da natureza dele picar; a minha é salvar!

          Grande sábio, não é mesmo, leitor amigo? Se responder que não, concordo plenamente. Faltou-lhe um componente essencial à sabedoria: o bom senso, a capacidade de avaliar uma situação e fazer o melhor.
          Se o exercitasse, simplesmente apanharia um arbusto ou vareta, recolheria o escorpião e o deixaria longe do rio.
          Fácil, fácil, sem nenhum problema.

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