César Magalhães Borges
Não sou tão
canhotopara ser de
esquerda,
Nem tão reto
para a direita,
Tampouco conheço
os eixos
para pertencer
ao centro
e não me encaixo
Não vou tão baixo e não me compraz
a conversa torpe,
vazia,
vulgar,
O olhar fútil
a superfície
o artifício.
Porém,
não voo tão alto
e não me seduz
a fala empolada,
a palavra do outro,
emaranhado de citações,
o jogo das cátedras,
escola de pensamento,
a fôrma da academia,
intelectualismo esnobe
e antinatural
certas rodas, eu não frequento
Não sou da alta,
nem sou do morroe não me socorro
dos remédios e sonhos
da classe média:
automóvel do ano,
moda da estação,
um novo celular,
paranoia estética,
pacotes de turismo,
restaurantes exóticos,
dieta,
assinatura de jornal,
revista,
febre de consumo
acredito no trabalho,
mas aposto nos dados
Deploro a incompetência,
a falta de compromisso,corrupção e ingerência.
Desprezo, contudo,
as linhas de montagem,
os programas de qualidade,
a padronização,
o terno e gravata,
a roupa engomada,
a rigidez,
a ideologia dos números
em muita estrutura,
não caibo
Quiseram a arte
enquadrada em extremos:produto de indústria,
consumo de massas,
clichês sentimentais,
humor barato ou,
na suposta rota alternativa,
que a arte fosse feia,
dura, fria,
destoante, agressiva,
hermeticamente fechada
em um círculo de iniciados;
renúncia de um mercado
como se não coubesse à arte
fazer bem à mente,
à alma
e ao coração
busco a sensibilidade e
fujo de qualquer afetação
Tenho fé em Deus,
em Jesus,nos anjos, nos santos,
nos bons espíritos e
nos grandes avatares.
Desconfio, todavia,
das igrejas,
dos altares,
das instituições.
Temo a ditadura,
a intolerância,
o puritanismo,
a falsa moral,
o pensamento conservador
cultos que não venero
sustento a esperança
e a crença
na divina providência
de que um dia
nossa herança,
por ser também
a nossa essência,
seja encontrar no topo
da evolução humana
a certeza plena
de que tudo pode ser
bom e simples
e que podemos ser
livres de verdade.
[Imagem Google]
Nenhum comentário:
Postar um comentário