quarta-feira, 7 de maio de 2014

Mar


Mar revolto
          ondas remotas
          eu de volta
Pensamento solto,
Sorridente, maroto...
          Saudades mortas

Amoras perfeitas,
Amores-perfeitos,
Sonhos desfeitos
          Amores sem rumo,
          navios a prumo
          me mostram um resumo
          do que vem sendo minha vida.

E o ar fica leve
A brisa sopra suave
O mar encontra o céu
e me confunde, meu Deus!

Caminho na areia revolta
pelas ondas que vêm e se vão.
Minha estrada, sob os pés tão solta,
passa depressa, acelera meu coração.

Volto à praia e
me certifico que ele está lá: o mar.
Ora verde, ora azul,
ora calmo, ora agitado.
O mar ora, ora!
E essa descoberta me surpreende.
Também oro.

Porque o mar, nessas horas, me lembra meu pai
(eu nunca soube se meu pai orava).
Sei que gostava de mar, de rio...
de água... gostava tanto
que, de tanto amar,
um dia uniu-se de vez a ela.
É uma constatação que me surpreende.
De novo.
Quero amar o mar,
mas não a ponto de a ele me entregar.
Mar é só pra ser visto,
admirado, sentido, tocado,
reverenciado como uma das grandes criações divinas.
Assim me sinto mais menina.

Aquela menina que um dia
viu o mar, sentiu a maresia,
comeu camarão seco
espalhado numa peneira ou bacia,
entrou no mar e se encantou.
− O mar é bom! pensava.
− O mar é meu amor! disse um dia,
quando voltou, depois de adulta,
a pisar a areia fria.
− O mar é bom! pensou de novo.


Sandra Medina Costa

[Imagem Google]

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