O dia amanheceu esfumaçado
Na Serra ao longe
Fogo a corroer a terra
qu’inda arde solitária
(não quero pensar nos animais
que se perderam...)
Noite passada
eu transmutada
bicho-gente
corria (Deus, como eu corria!)
por caminhos na mata
sem rumo certo.
Vez ou outra surgia alguém
a indicar “por ali! por ali!”
E eu corria.
Uma estrada enfim
Um estranho à frente
Braços erguidos
balançando tresloucadamente,
desconexos, (como loucas labaredas
em busca de mais terra e bicho)
Ao lado, alguém parado.
“Se ele vier pro nosso lado,
A gente
corre pr’aquele ponto!”
Acordo na ânsia da fuga.
E já não sei o que é de mim,
o que é da Serra.
Sandra
Medina Costa
Foto 1: arquivo pessoal
Foto 2: Jornal Est. Minas
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