terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Costa Belém – Rua de Pedras




Subo agora
a rua de pedras
e o efeito é mágico.
Há tempos esse caminho
me seduz
querendo virar poema.

Viajo num tempo
que não existe.
Imagino os que ali estiveram,
agachados, suor em bicas,
colocando pedra por pedra
para formar a rua
que ora subo.
Alguns sentados ao chão.
O suor caindo em gotas
que, vez por outra,
caem sobre alguma
pedra.

E o sol forte incidindo
sobre aqueles homens,
sobre aquelas pedras,
sobre aquelas gotas,
cria o mistério do inefável.
Homens fazendo um caminho
que outros passarão um dia
e se deterão a olhar,
e se deleitarão ao ver,
a se encantar com as pedras
que parecem emergir
de um tempo mágico,
onde a gota de suor
sobre a pedra
vai desaparecendo lentamente,
evaporando, levando aos céus a oração
daqueles homens.
Homens árduos
porque árduo é o caminho,
porque árduas são as pedras,
porque árduo é o calor,
porque árdua é a vida.

Hoje,
subo inebriada a Costa Belém – rua de pedras
e vejo vida entre elas,
pois entre as gretas,
no fino vão que as separa,
há plantinhas que brotam, que resistem.
Subo agora a rua ladeada de árvores...
Mas não importa a beleza, a força, as flores...
O que me atrai são as pedras que formam a rua,
que formam meu caminho.


Sandra Medina Costa

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