quinta-feira, 9 de abril de 2009

Aprendendo com “Lição das Horas”


Fátima voltara para o trabalho, naquela tarde, novamente muito triste. Desentendera-se com o marido havia já alguns dias. Frente ao local em que trabalhávamos, havia um ipê que, àquela época (era setembro) estava “magro”, quase sem folhas. Apontando para a árvore, ela me confessara estar se sentindo como um galhinho seco daquela árvore...
Lembrei-me do livro Lição das Horas, (de Ângela Leite de Souza – Editora Miguilim). Escrevi-lhe, então, a mensagem abaixo. Acho que deu certo. Ela recobrou o ânimo e, naquele mesmo dia fizeram as pazes.

Nelita
Galhos secos...
Bom sinal!
Sinal de que a vida (o verde)
está pulsando latente
prestes a romper
a sequidão da alma.
A lição da espera.

(Naquela mesma ocasião, inspirada pelo livro, escrevi também aos outros amigos algumas percepções que tinha sobre eles...)

Juscélio
O que move a vida da gente
é o sonho.
E o sonho não se apaga.
Pode, por vezes, adormecer
um pouco
para acordar mais forte
que nunca.
A lição do sonho.
A lição da vida.

Salma
Metade de mim é luz.
A outra metade é brilho.
Sou única, sou ímpar!
Sou par.
Sou par porque não sei ser
sozinha.
Sou mais com o outro.
E o outro é Deus.
A lição da fé.

Cecília
Silêncio para a busca,
para a escuta do próprio
pulsar.
A inquietude latente,
latejante,
sussurra a plenos pulmões:
“Vai e busca. A Verdade, a Luz,
a Vida habita em você.”
A lição do silêncio.

Simei
(Ao ler o livro, Simei escolhera os seguintes versos como mais significativo para ele: “A planta se fez pedra em convívio com a rocha. Lição de eternidade.”)
A flor também se eterniza,
por si própria, mesmo em
convívio com a rocha,
se é capaz de transmitir
e fazer perdurar a sua sensibilidade
nos olhos de quem a vê.
A lição da eternidade.

Donizetti
(Naquela semana, Doni me falara de uma espetacular aula de filosofia que tivera. Uma aula inteira em que seu professor discorrera sobre um ponto feito com giz no quadro.)
Um ponto no horizonte.
O infinito visível
se mostrando invisível.
Remotas lembranças de um
momento ímpar –
mergulho em mares de livros,
naufrágio num ponto, num
pingo (de giz).
A lição do infinito.

Simone
(Grávida)
Vida nova.
Nova vida pulsando
única, singular...
como a dizer a todos
que mais uma vez
Deus prova o seu amor
à humanidade.
A honra de ser mãe,
a bênção de dar à luz
alguém tão repleto de luz.
A lição do amor.

Adriana
Coração foi feito para sentir.
Sentir e acreditar em si,
em todas as possibilidades
que a vida nos apresenta;
sentir-se prenhe de luz, de fé,
para enxergar-se capaz
de vencer quaisquer obstáculos;
saber que eles fazem parte
deste grande show – a vida.
A lição da força.

Sandra Medina Costa

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