domingo, 28 de dezembro de 2008

Mensagem ao Léo



A você Leo, meu querido irmão.

Menino levado de olhos arredondados,
Cabelos em cacho, feições delicadas,
O tempo passou...você cresceu,
Você mudou, se transformou, endureceu.
Onde está você, alegre, faceiro, riso gostoso,
Bolas de gude, carinho, efusão.
As jovens o vêem, se encantam,
VIRGEM SANTA MADALENA,
Ali estão guardadas lembranças.
O tempo não apaga.

Você se foi, se esqueceu menino querido
Dos tempos de outrora, das jovens donzelas
Das bolas de gude, do campinho, das peladas
Da voz de seu pai, que grita, que chama,
Dos irmãos, irmãos olhando você.
E você, a quem seguia? O que fazia?
Por que se magoou? A vida é combate,
Aos fracos abate, aos bravos, aos fortes
Só deve exaltar.

A rua das flores, o brejo, os sapos
Eu tenho medo, choro, reclamo,
Vocês riem, se divertem.
O brejo que vira “poço fundo”
Onde posso me afogar,
Ser comida pelos sapos.
Íamos à igreja, tão pequenos,
E você foi, ficou, aceitou...
Mas deixou...Onde está você ?
Tanta coisa boa, tanta coisa linda,
Mas você deixou, se escondeu,
Se endureceu, se curvou ao combate
Se fechou em sua concha encantada.
Ainda é tempo.
Fecho os olhos, vejo você,
Cabelos cacheados, olhos amendoados.
Volta, vem.
Beve, 1995

Evelyn Medina

Nenhum comentário: