domingo, 7 de dezembro de 2008

Meus Mortos


Ontem, de manhã.
Eu, invisível, estática, impassível, inerte,
Diante de um corpo sem vida,
Em meio ao quadro doloroso
de uma perda materna,
Rostos pálidos, sentidos, chorosos,
Mal da dor que parece eterna...
Bem da morte, mal da vida,
Me vem clara uma conclusão
há tanto tempo sofrida:
Nunca enterrei meus mortos.

Pai, mãe, amores,
Parentes, amigos e desafetos...
Tantos se foram em dores!
Não os tenho mais por perto.
Nunca enterrei meus mortos.

Talvez por isso até hoje
Meus “fantasmas” camaradas
Me acompanham, me entristecem,
Dificultando a jornada.

Mas também, por isso mesmo,
Possibilitam meu crescimento
E encaminham meus passos
Ainda que eu ande a esmo.

Elevando meu pensamento
Ao meu Deus, Pai e Verdade,
Luz maior no firmamento,
Constato a necessidade:

Preciso enterrar meus mortos.


Sandra Medina Costa

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