Volto à minha infância.
Minha mãe dizia que, se alguém pulasse a fileira de formigas-correição,
Esta se desfazia,
A fila se perdia
E as formigas ficavam sem direção.
E eu pulava.
E o que eu via era mágico: um exercício desgovernado
De formigas-baratas correndo,
De um lado para o outro, sofrendo,
Esbarrando-se,
Buscando o rumo perdido.
E eu perdia a conta do tempo,
Horas a fio a contemplar
O mistério e encantamento daquele momento.
Volto ao presente.
Constato que meus pensamentos são como aquela fileira
De formigas-correição.
Basta que o telefone chame,
Que alguém chegue sem pressa,
Pedindo o que não me interessa,
Pra que eu saia do rumo e
Perca toda a noção
Do que custei pra “enfileirar”,
Pra chegar ao meu destino,
Que agora parece um menino
A divertir-se com a situação.
Sei que agora, como aquelas formigas, meus pensamentos levarão algum tempo para se “enfileirarem” de novo. Enquanto isso, faço poesia.
Sandra Medina Costa
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