domingo, 9 de novembro de 2008

Pés e Pais




Na suavidade daqueles pezinhos
tão lindos, limpos, branquinhos,
minhas mãos deslizavam com o creme
após o banho morno e nada sossegado...
E o Paulinho sorria, o sono vinha
e ele dormia, relaxado...
Você viu isso, pai? Era o meu filho, seu neto!

Você viu, pai, que eu estive atenta às condutas que não deviam ser seguidas?
(Perdão, pai, mas é que ouvi escondida,
atrás da porta, lá na cozinha,
a conversa que era só de gente grande
acontecendo na sala –
você falando aos meus irmãos...)

Você ouviu, pai, meus primeiros acordes, na difícil tentativa com o violão?
É que seu dedilhado, sua voz,
a música que você cantava
me enlevava,
me fez tentar ser igual...

Você se orgulhou, pai, quando me formei na faculdade?
Acho que deve ter sido
pelos jornais que você me passava,
pelas dúvidas respondidas
na hora das palavras cruzadas...

Ah, pai, os vícios...
Pus a mão na consciência
e me vi também na dependência
de vícios que você não venceu,
e venci-os por você.

Tem sido assim minha vida,
ver que em cada experiência
há sempre uma lição a ser aprendida.

Sandra Medina Costa
(imagem: web)

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